Cotidiano

Balança comercial tem queda com fechamento da fronteira

Dados do Fier apontam números abaixo do esperado e que impactos podem acontecer caso cenário não mude; falta de incentivo para produção local também é um problema

A balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 15,2 bilhões no acumulado do ano e ultrapassou US$ 4 bilhões somente em abril, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia na segunda-feira, 22. Entretanto, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve uma redução de 9%, quando registrou superavit de US$ 16,7 bilhões.

Em Roraima, o saldo da balança comercial até março foi superavitário quando comparado com 2018, tendo como resultado um montante de US$ 1.811.613 e totalizando 42,16% de aumento. Contudo, em relação a fevereiro deste ano, as exportações tiveram queda de 39,51% e fecharam em US$ 2.475.458.

Um dos motivos que explicam a queda é o fechamento da fronteira com a Venezuela, uma das principais compradoras dos produtos vendidos por Roraima. Os dados da Federação das Indústrias de Roraima (Fier) apontam que açúcares e mercadorias de confeitarias foram os principais produtos exportados, representando 17,87% do total. 

Madeira e produtos de moagem tiveram 14,59% e 10,36% das exportações, respectivamente. A Guiana e Venezuela foram os principais países que importaram, porém, os números foram abaixo do esperado. Quando a fronteira estava aberta, alimentos e produtos de limpeza eram os principais itens vendidos para o país chavista.

Karen Telles, coordenadora técnica do Fier, estima que a Venezuela aparece nos dados computados devido às carretas que já estavam em solo venezuelano e que por isso os números são pouco significativos. Para ela, há também uma falta de incentivo e de políticas para fomentar a venda de produtos fabricados no Estado, que poderiam alavancar os dados da balança comercial roraimense.

“Não podemos depender somente da Venezuela e Guiana. Hoje, temos potencial para exportar gêneros alimentícios, como sorvetes e massas congeladas, assim como ração animal. Mas, por falta de revisão do acordo de transporte, não pode entrar caminhão refrigerado e de determinados tamanhos. Temos a demanda e mercado comprador”, disse.

Mesmo com a maioria dos produtos vendidos para a Venezuela sendo oriunda de outros Estados, a produção local de arroz e sabão em barra também movimentava a economia e gerava postos de empregos, que são afetados pela falta de exportações. 

“Se esse mercado diminui, tem impactos. Então, é possível que tenha um freio de investimentos”, completou a coordenadora.

MEDIDAS – Além de revisar a questão de transporte, Karen pontua que os esforços do Poder Público devem se estender também à redução de carga tributária, possibilitando o aumento das vendas locais. Ela defende que, além da produção agrícola, a industrial pode fazer diferença econômica.

Para isso, a coordenadora destacou que a Fier está realizando uma série de reuniões e acompanhando as ações feitas pelo governo do Estado para diminuição dos problemas a começar a apresentar melhorias dentro do mercado. As conversas estão sendo feitas também com produtores e despachantes de soja, para que deixem de proceder com a documentação no Amazonas, pois o formulário assinado em outra localidade diminui ainda mais os números de exportações roraimenses.

Importações sobem mais de 200% em março

As importações em março mantiveram o mesmo padrão, com a maior parte dos produtos comprados em países asiáticos. Em valores absolutos, foram US$ 663.845 de importações, o que resultou em um aumento de 225,81% quando comparado a fevereiro. 

Em relação a março do ano passado, houve também um saldo positivo de 28,85% já que o valor passado foi de US$ 485.583. Borracha teve a maior participação, com 47,7% das compras feitas pelo Estado. Os itens de informática ficaram em segundo, seguidos de vidro com 33,31% e 9,34%, respectivamente. (A.P.L)