O segundo dia de oitivas de testemunhas no processo movido pelo Diretório Regional do PSDB contra a coligação “Agora É Roraima Com Tudo”, que elegeu governador Antonio Denarium (PSL), foi mais tranquilo que o primeiro.
Seis testemunhas de defesa foram ouvidas e a audiência nessa terça-feira, 23, durou cerca de sete horas. Os depoimentos foram enviados ao desembargador Leonardo Cupello do Tribunal Regional Eleitoral.
Os processos são de captação ilícita de sufrágio e de recursos e correm em segredo de Justiça. As oitivas e o teor do depoimento das testemunhas não foram abertos à imprensa.
No primeiro dia, o clima foi tenso entre representantes e testemunhas dos dois lados e houve acusações de assédio. Durante esse período de oitivas, foram divulgadas informações sobre o teor dos depoimentos que estariam expondo o grupo acusado, a possível cooptação de testemunhas e também sobre a vida pregressa de alguns dos denunciantes.
Uma das testemunhas de acusação desistiu de prestar depoimento e foi substituída alegando ser servidor público e ter um dos requeridos como seu superior em grau máximo.
Outra testemunha, também de acusação, foi citada durante o depoimento de responder por assalto a banco e receptação e outra denunciada pelo Ministério Público por furto em residência.
Outro ponto apresentado pelos advogados seria uma possível inconsistência entre os depoimentos dessas testemunhas e o teor das provas.
“Eu desconheço essa situação envolvendo as testemunhas que nós escolhemos para depor no tribunal. Nós não estamos pegando pelo perfil de pessoas, se já cometeu algum crime ou não, nós estamos levando para serem ouvidas pessoas que nós tivemos conhecimento que fizeram denúncia eleitoral nesse caso e que presenciaram se houve distribuição de cesta básica ou compra de votos. Se cometeu algum crime, não sei, nem se não foi condenado, se foi julgado, ele vai responder na Justiça pelo que fez. Eu acho que isso não tira a credibilidade da testemunha. Eu posso em algum momento da minha vida ter cometido algum crime, e tenho que responder por ele, mas isso não tira minha credibilidade de falar sobre outro fato que aconteceu e no qual eu estava envolvido. Essa é a minha leitura. É claro que a juíza e o juiz no tribunal vão ter a leitura deles”, explicou o vice-presidente do PSDB, Marcelo Moreira, que acompanhava as oitivas e depoimentos das testemunhas de acusação.
ACUSAÇÃO – Na representação de nº 0601893-02.2018.6.23.0000, analisada nessa terça-feira, o PSDB acusa o governador e vice de compra de votos. O relato é que durante todo o ano passado “diversos eleitores foram abordados e receberam quantias em dinheiro e outros benefícios em troca de seu voto nos candidatos”.
A representação cita a doação de cestas básicas e dinheiro a eleitores para celebração de festas de aniversário; distribuição de materiais agropecuários, como arame farpado, para a comunidade indígena em caminhão de instituição federal a poucos dias da eleição; distribuição de materiais para comunidade indígena por helicóptero particular; e pagamento de contas e outras doações em comunidade indígena.
Os depoimentos acontecem na sala de audiências da 1ª Vara do Tribunal do Júri e da Justiça Militar, localizada no Fórum Criminal da Comarca de Boa Vista Ministro Evandro Lins e Silva, no bairro Caranã.
No total, são quatro ações impetradas pelo partido contra a coligação. A expectativa é que ainda este ano o TRE-RR julgue os casos.