Cotidiano

Escoar a produção é o desafio do produtor

Logísticas de exportação e do acesso aos insumos são os maiores problemas enfrentados pelos produtores de soja

Apesar de Roraima dispor de todas as condições para ampliar os investimentos na cultura da soja, muitos produtores ainda encontram dificuldades em relação ao escoamento do grão, principalmente na logística de exportação e do acesso a insumos. Ainda assim, em 2014, o Estado plantou cerca de 18 mil hectares de grãos, com produtividade média de 2,5 toneladas por hectare.
Uma das vantagens dos produtores da região é a safra invertida. Em maio, enquanto os sojicultores no restante do País ainda estão concluindo a colheita, os roraimenses iniciam a semeadura. Entretanto, o consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antônio Fayet, que ministrou palestras sobre o assunto esta semana, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Roraima (Embrapa), disse que mesmo com o crescimento na produção de soja, o Estado ainda é ineficiente na exportação do grão. “Nós temos conseguido excelentes graus de produtividade. Eu sempre digo que da porteira para dentro as nossas condições de produção são muitos boas. O problema é quando nós saímos rumo ao mercado internacional. Nessa hora, a ineficiência aumenta e começamos a perder dinheiro”, disse.
Conforme ele, Roraima ainda necessita de uma infraestrutura que assegure a logística de exportação. “O produtor daqui tem um excelente padrão de produtividade e capacidade de produção, mas ainda não tem uma infraestrutura adequada para escoar essa produção de forma econômica e competitiva”, avaliou.
Segundo o consultor, o custo logístico tem sido o grande empecilho dos produtores, tanto em Roraima quanto nos outros estados. “Para se ter uma ideia, o custo logístico no Brasil é quatro vezes maior que nos Estados Unidos e Argentina, que são nossos concorrentes no mercado internacional. Então, isso tira a rentabilidade dos nossos produtores, e como Roraima é uma região que está começando, acaba sofrendo muito mais com o problema”, afirmou.
Para Fayet, os produtores locais precisam começar a encontrar caminhos e alternativas para conseguirem baratear a logística local. “É preciso ser feito um estudo e analisar quais seriam as prioridades de investimentos para que o governo faça os ajustes necessários que não vem fazendo. Fazendo essa avaliação, esperamos que até o segundo semestre nós tenhamos uma ideia clara de como serão esses custos”, frisou.
NÚMEROS – A Embrapa promoveu pesquisas sobre o cultivo da soja no cerrado de Roraima e constatou que é possível produzir o grão com qualidade, tanto que as exportações do Estado, só no primeiro semestre de 2014, já atingiram o valor de US$ 17 milhões de dólares, de acordo com a divulgação feita pelo Ministério de Indústria e Comércio Exterior.
Os dados da Secretaria Estadual de Planejamento do Estado (Seplan) mostram que a soja foi responsável por 89,4% das exportações realizadas por Roraima no período de janeiro a junho de 2014, já com destino certo: Rússia, Guiana e Turquia. (L.G.C)