Imagine enxergar novamente após anos na escuridão? São momentos como esse que foram registrados pela equipe Folha durante o acompanhamento dos Médicos da Floresta, que trabalham para que a visão de idosos indígenas da Amazônia seja restaurada.
“Estou feliz porque vou poder voltar a ler a Bíblia”, foram as primeiras palavras da dona de casa Floracy Pereira com um sorriso no rosto e os novos óculos nas mãos durante o projeto Olhos de Macunaíma, na região da Raposa Serra do Sol.
O trabalho é feito por voluntários que atuam na organização, que reúne além dos oftalmos, também médicos, enfermeiros e apoiadores voluntários para levar saúde à comunidades geograficamente isoladas.
Nas visitas nas comunidades os médicos conseguem realizar centenas de atendimentos em cada comunidade que visitam.
A Associação Médicos da Floresta foi idealizado pelos oftalmologistas Dr. Celso Takashi Nakano, Dr. Fernando Kimura, Dr. Fábio Nero Mitsuushi e o engenheiro Frank Hida. Esta ação está sendo realizada pela SESAI em Ação em parceria com o DSEI Leste Roraima e a Associação Médicos da Floresta o que está sendo coordenada pela diretora de oftalmologia da Associação Médicos da Floresta, Dra. Roberta Andrade e Nascimento.
Sesai Em Ação irá contemplar seis polos indígenas
Coordenada pelo Distrito Sanitário Indígena (DSEI) Leste, a terceira edição do Sesai Em Ação irá contemplar seis polos indígenas até esta sexta-feira, 04, com o objetivo de equilibrar a demanda reprimida da localidade. Em uma estrutura nova e climatizada, diversos pacientes de comunidades vizinhas se deslocaram para realizar consultas.
De carro, a macuxi Lêda Paixão saiu da comunidade Manguari para receber óculos novos. Anos atrás, a visão deixou de ser perfeita e dificultou o trabalho de costureira. “Tentava colocar a linha na agulha e não conseguia enxergar mais. Queria que tivesse a ação sempre”, comentou.
Os 230 quilômetros até Boa Vista dificultam que indígenas da Raposa Serra do Sol procurem atendimentos de saúde e criem uma demanda alta de pessoas que esperam pelas consultas com especialistas. Foi o que aconteceu com a professora Lindóia Raposo, que conseguiu realizar o sonho de cuidar dos dentes.
“Eu falava que queria ganhar na loteria para fazer o tratamento dentário de todos da minha família. Aqui na comunidade precisamos muito disso porque fica difícil quando encaminham para Boa Vista, nem todo mundo pode pagar. Eu amei o dia de hoje”, completou.
Próxima ação é estudada e deve atender procedimentos cirúrgicos
Os seis polos atendidos atualmente, sendo Raposa, São Francisco, Bismarck, Camará, Napoleão e Matiri, recebem em torno de 60 pessoas envolvidas na ação, entre voluntários e funcionários do Distrito Sanitário. A perspectiva é que sejam atendidas 700 pessoas para consultas oftalmológicas, já com a entrega de óculos nesta edição.
De acordo com o coordenador do DSEI Leste, Armando Neto, está sendo analisada a possibilidade da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) promover futuramente uma quarta edição, focando em procedimentos cirúrgicos.
“Porém, isso depende de um planejamento da secretaria para que possamos executar”, relatou e prosseguiu informando que antes do início das consultas, é feita uma triagem para saber exatamente quantas pessoas precisam passar pelo procedimento.
Junto com a direção da ONG, as conversas são feitas com as lideranças indígenas de casada comunidades para informar as atividades que serão feitas com os povos.
Imunização também acontece durante atendimentos
Além dos atendimentos clínicos, oftalmológicos e odontológico a Raposa Serra do Sol também teve ações de imunização em alusão ao Mês de Vacinação dos Povos Indígena, que encerra no dia 31 de maio.
De acordo com a responsável técnica pela imunização do DSEI Leste, Jailcy Silva, já foram imunizadas em torno de 900 pessoas na região desde o início da campanha. A meta vacinal determinada pelo Ministério da Saúde é de 90% em diversas localidades indígenas, com aplicação de doses para evitar doenças virais graves.
Para o DSEI Leste, foram recebidas mais de 43 mil doses, que serão aplicadas em indígenas a partir dos seis meses de idade. (A.P.L)