Cotidiano

Especialista prevê expansão da soja em RR

Conforme palestrante, com empenho do setor, em três anos Roraima pode se tornar o maior produtor de soja do Norte

A II Reunião de Tecnologias para a Cultura de Soja no Cerrado de Roraima encerrou sua programação ontem, no auditório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com grande participação do setor produtivo de grãos do Estado de Roraima. O engenheiro agrônomo e palestrante do evento, Alcione Nicolletti, afirmou que o setor em Roraima tem evoluído e pode se expandir em curto espaço de tempo.
Ele ministrou palestra sobre o tema “Desempenho produtivo da soja em 2014 e perspectivas para 2015 em Roraima” e disse que a parte técnica melhorou muito na região e a participação dos envolvidos no setor da soja aumentou, conforme ele observou no evento.  Afirmou que a cultura da soja é a precursora para outras culturas, a exemplo do milho, o feijão caupi e, posteriormente, a pecuária.
Perguntado sobre o crescimento do setor, ele assegurou que a cultura tem um espaço muito grande para crescer no Estado, o que irá gerar um movimento rápido e vertiginoso da economia local. “Em números, de 2012 para 2013, a plantação de hectares cresceu em 39%. De 2013 para 2014, quase 40%. Agora, de 2014 para 2015, projetamos um aumento de 50%. Isso em volume de negócios é muito grande”, afirmou.
O engenheiro agrônomo explicou que cerca de 16,6 mil hectares de soja foram plantados em 2014, e a projeção para este ano subiria para a extensão de 25 mil hectares. O “complexo soja”, ou seja, o capital gerado no envolvimento do setor de industrialização, insumos, peças e equipamentos de mão de obra local, conseguiria deixar de 30% a 39% deste capital envolvido na região. “O faturamento bruto seria cerca de U$26 milhões. Em Roraima, calculo que permaneceria no mercado local um valor de até U$ 10.14 milhões”, frisou.
A projeção esperada, segundo Nicolletti, representaria 50 sacas por hectares, algo como cerca de três toneladas. “Isto, claro, é influenciado em grande parte pelo clima”, lembrou. Todo o volume de colheita da soja é exportado, pois não há consumo interno no Estado. “O mercado europeu e chinês são os maiores compradores”, completou.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), a soja foi responsável, em 2014, por 89,4% das exportações totais do Estado. Nicolletti explicou que o Estado quase não exporta outros produtos na atualidade e o impacto desse número ainda tende a se repetir.
Na região Norte do País, o Estado do Pará é o maior produtor de soja. O especialista acredita que, em um curto espaço de tempo, a produção local possa passar os números paraenses. “Imagino que, com empenho, em três anos possamos ser o maior produtor de soja da região”.
INCENTIVO – Para Nicolletti, o envolvimento da sociedade passa a ser importante. “A produção movimentará dinheiro, e isto é importante para a economia local, logo para os habitantes”, comentou ao complementar que o grande atrativo em Roraima, para a soja, são as áreas de fácil abertura. “A região do cerrado permite isso. É uma área grande para se expandir, coisa que a maioria dos estados já não possui”.
Sobre integração com outras culturas, afirmou que a proteína da soja, que é a mais barata encontrada no mercado atualmente, também é a precursora de proteína animal. “Para se produzir proteína animal, primeiro é preciso de proteína vegetal. Soja é a que possui em maior quantidade a um ótimo custo-benefício”, relatou.
PESQUISA – O pesquisador da Embrapa e organizador do evento, Vicente Gianluppi, explicou que a empresa pesquisa sobre a presença do grão desde 1981. “A produção era de baixa latitude, tipo tropical. Já testávamos. Desde então, percebemos que havia potencial. Por isso, não teria sentido estarmos nesta discussão”, enfatizou.
Gianluppi lembrou, entretanto, que um dos motivos da reunião não e tratava apenas de discussões de técnicas e manejo. “A cadeia produtiva não se alimenta somente de tecnologia. Há uma série de variáveis que implicam nisto”, frisou.
O pesquisador mencionou que, uma vez implantada a soja em maiores extensões, é preciso resposta e confiança do setor privado para estimular o câmbio comercial. “A iniciativa privada precisa acreditar no esforço. Conseguiremos isso se o governo local sinalizar com regras claras. Aí estariam incluídas a regularização ambiental, a celeridade na questão fundiária e amenização da burocracia, para existir este trading econômico. Acredito que aqui há potencial”.  (JPP)