A crise migratória mudou o cenário de Roraima e com centenas de pessoas em situação de rua, o Exército Brasileiro e Organizações Não Governamentais (ONGs) administram abrigos para diminuir os impactos causados e prestar mais assistência a essas pessoas. Entretanto, a transferência de um Centro de Acolhimento para o bairro São Vicente tem causado revolta por parte dos moradores.
Localizado na Avenida Getúlio Vargas, a área de uma antiga empresa de transporte está sendo limpa e uma pequena obra já foi iniciada no local. À Folha, alguns trabalhadores confirmaram que se tratava de um centro destinado para famílias venezuelanas, mas que não tinham mais informações sobre a previsão de conclusão da construção.
Em meio a diversos pontos comerciais, os moradores da redondeza afirmam que não foram consultados em relação à transferência e dizem que isso vai acarretar em mais pessoas andando pela localidade. “Falta de respeito com a população, que não terá paz com tanta gente aos arredores de suas casas. Não sou contra os abrigos, mas eles só nos trazem aquela sensação de insegurança”, relatou a leitora Maria José em um e-mail enviado ao jornal.
O argumento da falta de segurança foi utilizado por outros moradores que asseguraram que alguns já procuram sair dos imóveis diante da situação. É o que afirmou o administrador Diogo Viana, que tem uma agência de publicidade e contou que só soube que seria um Centro de Acolhimento após ver o Exército Brasileiro realizando limpeza no local.
“Estamos muito insatisfeitos porque vem transtorno… não generalizando, mas é complicado. Perguntei do Exército o porquê de não colocar em local mais afastado e colocam quase no Centro, tendo várias áreas federais”.
Local é destinado para receber venezuelanos que já estavam acolhidos, diz Exército Brasileiro
Em nota, a Força-Tarefa Logística Humanitária para o estado de Roraima – Operação Acolhida, informou que a referida construção se trata da estruturação para o recebimento do abrigo “São Vicente II”.
“O local será destinado a receber os venezuelanos que atualmente se encontram no Abrigo Hélio Campos, com capacidade para abrigar 250 pessoas e de perfil misto, recebendo famílias e solteiros. A transferência ocorrerá visando à melhoria de questões de logística e de acesso”, prosseguiu a declaração.
Ressaltou ainda que o trâmite burocrático e jurídico para a locação do espaço e estabelecimento da estrutura foi de responsabilidade da Fraternidade Sem Fronteiras. A Operação Acolhida atua somente na parte logística.
Entidade destaca que faz trabalho para garantir autonomia à pessoas em crise humanitária
A assessoria de comunicação da Fraternidade Sem Fronteiras confirmou que a área irá receber os venezuelanos que já estavam no Centro de Acolhimento, conforme pontuou o Exército Brasileiro. Informou ainda que o trabalho feito pela entidade é de prestar diversas atividades com o propósito de ajudar que as pessoas tenham a oportunidade de começar com autonomia em outras cidades brasileiras.
“Não é somente um abrigo, fazemos o acolhimento que tem uma proposta diferente. Abrimos Centros de Acolhimento em várias partes do Mundo porque a proposta é de que aquele que acolhe e aquele que é acolhido se reconheçam como irmãos nessa crise humanitária”, destacou representante da Fraternidade. (A.P.L)