Cotidiano

Venezuelanos abastecem veículos em Pacaraima 

As vendas de gasolina brasileira triplicaram. Só em uma manhã foram aproximadamente 60 veículos que buscaram abastecimento em Pacaraima

A história se inverteu. Se antes eram os brasileiros que faziam filas para abastecer no posto internacional de combustíveis, no lado venezuelano da fronteira, agora são os venezuelanos que cruzam a fronteira e fazem filas, no posto instalado em março, em Pacaraima, depois do fechamento da fronteira Brasil/Venezuela, pelo presidente Nicolás Maduro.

À Folha, o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Pacaraima (Acep), João Kleber Soares Borges, informou que está sendo comum ver carros venezuelanos em filas no posto. “Eles dizem que não tem combustível em Santa Helena do Uairén e quando aparece é vendido por 5, 6 ou 7 reais o litro. Aqui em Pacaraima está a R$ 4,95 o litro, no posto”, disse. “É um revés, pois antes abastecíamos lá, agora eles vêm abastecer aqui”.   

Por telefone, o frentista do posto, João Paulo, confirmou um grande aumento de vendas desde a sexta-feira, depois da reabertura da fronteira. 

“Houve um aumento muito grande de carros venezuelanos abastecendo no posto. As vendas triplicaram. Só hoje pela manhã foram aproximadamente 60 veículos que abastecemos”, disse. “Geralmente os carros chegam logo cedo e pedem para encher o tanque, mas tem aqueles que abastecem menos e tem os garimpeiros que enchem os tanques dos carros e ainda levam tambores de 200 e 300 litros”, afirmou. 

O prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, informou que a prática já vem ocorrendo há algum tempo e que aumentou muito desde sexta-feira, com a reabertura da fronteira.

“Há uma dificuldade de chegar combustível em Santa Helena e ficou mais acentuado agora neste final de semana e eles estão vindo abastecer aqui em Pacaraima, alguns para revender lá em Santa Helena”, disse.  

A falta de combustível começou a ser sentida na Venezuela no final do ano passado, quando a estatal do petróleo PDVSA entregava 160 mil barris por dia, de gasolina, para uso doméstico em toda Venezuela e que depois, segundo analistas internacionais, caiu para 60 mil barris diários, suficientes para atender apenas 38% da demanda. Além disso, a produção de gasolina na Venezuela vem caindo a cada mês. (R.R)