O número de crianças venezuelanas matriculadas na rede de ensino municipal representa mais que o dobro dos registros comparados com dados do ano passado. Em 2017, foram matriculados o total de 2.033 alunos vindos da Venezuela, esse ano são cerca de 4.473 alunos estrangeiros sendo 4.403 venezuelanos. Os dados foram disponibilizados pela Secretaria de Educação Municipal.
Arthur Henrique, Secretário de Educação Municipal, falou dos desafios em manter atendimento de qualidade no ensino, após aumento no número de alunos de origem estrangeira nas escolas, no atual cenário, em decorrência do intenso fluxo imigratório
(Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)
“Esse ano, em dados gerais, estão matriculadas 41.983 crianças nas escolas municipais de Boa Vista. O número de atendimento aos estrangeiros representa 10% na rede, mas os recursos disponibilizados pelo Governo Federal não aumentaram, por isso é necessário se adequar para tornar os serviços mais eficientes e garantir educação a todos,” disse
Arthur Henrique disse que o maior desafio enfrentado pelas escolas é em relação à infraestrutura. Parte das salas que eram usadas como áreas administrativas foram adequadas para virarem salas de aula, mas ainda assim existem desafios em relação à superlotação. “Escolas próximo a abrigos apresentam maior número de alunos que a capacidade da estrutura poderia atender, mas lidamos da melhor forma possível, utilizando recursos federais para transformar os ambientes,” explicou o secretário
Ainda de acordo com Arthur Henrique, todas as escolas receberam placas bilíngues para que crianças recém-chegadas passem pelo processo de adaptação de forma mais natural possível, além do treinamento dos coordenadores e professores para lidar com o cenário imigratório dentro das escolas. “É importante que essas crianças compreendam o novo espaço que vivem, por isso existem escritos nas paredes em espanhol e português. Há apoio do corpo docente que fala o espanhol para acelerar o processo de aprendizagem da língua portuguesa”
O atendimento é o mesmo para todas as crianças. Todas recebem merenda, fardamento e livros, mas conforme dito pelo secretário a atenção especial se concentra apenas no processo de aceleração para que compreendam o português. “Não existem salas voltadas apenas para crianças imigrantes. As turmas são mistas para que não ocorra segregação. Os trabalhos também são em conjunto para que a interação social aconteça, eliminando a possibilidade de grupos de crianças brasileira e grupos de crianças venezuelanas”