Cotidiano

UFRR fala em corte de gastos e demissão

Universidade Federal de Roraima passa por um período de dificuldades para honrar pagamentos de despesas essenciais e de terceirizadas

Assim como as demais faculdades federais pelo Brasil, que dependem dos recursos repassados pelo Governo Federal para fazer gestão, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) apresenta situação financeira difícil no início deste semestre e está priorizando gastos e revendo contratos. O pró-reitor Manoel Alves Bezerra Júnior, fala até na possibilidade de corte de pessoal de empresas terceirizadas. Quanto às aulas, a princípio, não estão sendo afetadas.
A razão apontada pela falta de recursos, que estão sendo contingenciados pelo Governo Federal, é a não aprovação do Orçamento da União de 2015. Diante de um quadro de incertezas, Manoel Júnior disse que a UFRR está passando por um período de dificuldades para honrar os pagamentos de despesas essenciais para o bom funcionamento da instituição. 
“Dentro do possível, estamos priorizando o pagamento de despesas mais importantes e que envolvam pessoas diretamente, como as empresas terceirizadas. São 360 servidores terceirizados para limpeza, vigilância e apoio administrativo”, disse. Quanto às 1.300 bolsas dos estudantes, “temos pagado com atraso de 10 a 15 dias, mas estamos conseguindo pagar”, frisou.
Ele informou que a programação de despesas de terceirização, para o ano todo, é de R$11 milhões. Se o corte de 30% a 33% que o Governo Federal tem anunciado para contenção de despesas vier a se concretizar, a UFRR terá que rever os contratos com as empresas terceirizadas.  “Caso isso venha a acontecer, a Universidade vai ter que reduzir esses contratos justamente num momento em que estamos crescendo. As despesas são proporcionais ao crescimento e teremos mais prédios para limpar e para colocar vigilância. Vai ser um momento difícil”, frisou.  
Ele ressaltou que a Reitoria vive hoje um cenário incerto quanto ao planejamento e execução de ações devido ao momento por que passa o Brasil. “Se o contingenciamento vigorar – que só saberemos depois que a Lei Orçamentária de 2015 for aprovada – teremos que fazer algumas reduções significativas nos contratos. Teremos que cortar postos de trabalho, e isso afeta o funcionamento de algumas unidades”, disse. “Mas se não houver contingenciamento, vamos conseguir funcionar normalmente dentro do que planejamos para 2015. Se houver a perda em torno de 30%, isso vai afetar diretamente os contratos já existentes e impedir a gente de ampliar a contratação de mais serviços para os prédios novos. O cenário está complicando e pode gerar um grande problema na Universidade”, frisou.
Manoel Júnior explicou que o governo libera o orçamento em 1/12 avos e a cada mês uma parcela é liberada, mas, com o atual panorama econômico, o governo passou a liberar o orçamento em 1/18 avos. “Ou seja, pegou o orçamento e dividiu em 18 parcelas. Com isso, não se consegue pagar todos os contratos daquele mês. Por isso estamos priorizando alguns pagamentos e outros estamos segurando para pagar quando regularizar a situação, como, por exemplo, gastos com energia, onde temos previsão de 2,5 milhões ao ano, mas que estamos no prazo”.    
OBRAS – O pró-reitor informou que estão sendo investidos aproximadamente R$15 milhões em obras na UFRR e que os repasses também vêm sofrendo atrasos, o que afeta o pagamento para as empresas contratadas, embora ainda não motive a paralisação, já que os atrasos estão sendo de 30 dias em média.  
“Os atrasos de repasses de recursos pelo MEC [Ministério da Educação e Cultura] estão sendo frequentes”, disse. “Mas como são recursos do orçamento da Universidade, os atrasos são em média de 30 dias e repassamos para as empresas já que somos nós que as contratamos para executar as obras, mas nenhuma paralisou os trabalhos”, frisou. (R.R)

Cursinho Pré-vestibular Solidário oferece oportunidade de ingresso no ensino superior
As aulas do Cursinho Pré-vestibular Solidário (Solivest) estão contribuindo para a ampliação do acesso aos cursos de nível superior de várias instituições de ensino do Estado, aos jovens em situação de vulnerabilidade social. Mantido pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), o percentual de aprovação tem se mantido em mais de 10% ao ano, mesmo com a crescente oferta de vagas do cursinho.
Implantado em 2012, o Solivest oferecia inicialmente 40 vagas, depois passou para 80 e, no ano passado, ofertou 100 vagas, com os alunos distribuídos em duas turmas, conforme explicou Fabíola do Vale, coordenadora do cursinho.
O Solivest teve alunos aprovados nos vestibulares de três faculdades particulares e da UFRR para cursos diversos como: Administração, Comunicação Social, Secretariado Executivo, Medicina Veterinária, Direito, Odontologia, Serviço Social, Ciências da Computação, Engenharia e Enfermagem.
A auxiliar administrativo Miriam Farias de Araújo, 23 anos, foi aprovada no curso de Secretariado Executivo na UFRR. Servidora terceirizada da instituição, ela trabalha na Reitoria há um ano e nove meses. Ela disse que prestou vestibular por três anos e, em 2014, ingressou no Solivest e conseguiu a aprovação.
“A emoção foi grande quando vi que fui aprovada. Os professores eram muito bons e cobravam bastante dos alunos para que estudassem. Quando o vestibular estava próximo, recebemos uma palestra sobre como se comportar durante a prova, com várias dicas. Isso me deu mais confiança e fiz a prova com calma”, disse Miriam.
A proposta do Solivest é garantir mais oportunidades de acesso dos estudantes de escolas públicas ao ensino superior. Os alunos de escolas privadas também podem participar desde que comprovem receber bolsa integral. A renda per capita deve ser igual ou inferior a um salário mínimo e meio.
As disciplinas ofertadas no cursinho são gramática, redação, literatura, espanhol, matemática, física, química, geografia, história e biologia. As aulas serão ministradas até novembro deste ano. O Solivest inicia no segundo semestre de cada ano e tem, em média, quatro meses de duração.
Para aqueles que ainda não conseguiram a aprovação no vestibular, Miriam deixa um conselho. “Busquem fazer o cursinho. Não desistam, lutem para alcançar o objetivo, sempre com fé em Deus”, frisou a estudante que acordava às 5h40 para trabalhar durante o dia, seguia para o cursinho à noite e só retornava para casa, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste, à meia-noite.