Cotidiano

Seminário discute mobilidade em ruas e prédios

O evento teve como principal objetivo sensibilizar gestores para implantação de espaços acessíveis para pessoas com deficiência

Cerca de 23% da população roraimense possui algum tipo de deficiência e inúmeras dificuldades de acessibilidade a órgãos públicos por meio de rampas para cadeirantes, placas em braile, ausência de sinalizações auditivas para deficientes visuais e intérpretes para a linguagem de sinais em eventos com participação de deficientes auditivos. Os dados foram debatidos no 1º seminário sobre acessibilidade e mobilidade urbana, promovido pelo Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência (COEDE) e Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) que ocorreu na manhã de sexta-feira, 24, no auditório do corpo de Bombeiros.

O evento teve como principal objetivo sensibilizar gestores municipais para implantação de espaços acessíveis assim como também chamar a atenção para discussões que envolvem direitos da pessoa com deficiência.

De acordo com a Tânia Soares, Secretária da Setrabes, abordar o tema acessibilidade vai muito além do que apenas reivindicar direitos garantidos por lei, mas abrange chamar a atenção da população para uma mudança na postura de raciocínio sobre o deficiente. “O seminário marca o começo do trabalho efetivo de políticas públicas para o deficiente e o comprometimento de focar no potencial dessas pessoas. Todos nós temos limitações e queremos realizar inclusões visando o que todos podem realizar sem limitá-los as dificuldades” explicou.

Ainda segundo a secretária, a mobilidade urbana será reflexo da atitude social de um cidadão consciente de que é acessibilidade para todos. “A secretaria está fazendo uma reformulação em parceria com a Universidade Federal de Roraima através da coordenação do curso de Arquitetura para ampliar a acessibilidade física a órgãos públicos sempre ressaltando que as primeiras mudanças são as de enxergar o deficiente como cidadão com direitos e deveres”.

Deficientes cobram acessibilidade na capital

Jean Martins, presidente da COEDE, cobrou maior atenção para as políticas de acessibilidade na capital (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

Jean Martins, presidente da COEDE, falou sobre as principais reivindicações das pessoas com deficiência física em Boa Vista, que vão muito além do que uma calçada sem rampa. “A falta de sinalizações e a dificuldade em ter acesso à cultura também revelam a despreocupação de gestores e empresários a atenderem ao público que apresentam deficiência. Recentemente tivemos o caso de pessoas com deficiência auditiva que foram ao cinema e não conseguiram entender o filme porque não havia nada que os orientasse”.

Jean ainda ressaltou que irão atuar na cobrança imediata de políticas de acessibilidade na capital. “As mudanças ainda são pequenas para a quantidade de pessoas que precisam ter acesso às condições para se locomover pela cidade e se comunicar. Vamos conversar com os donos de estabelecimentos e discutir formas de disponibilizar esse acesso a todos, já que existem leis que nos amparam para que isso ocorra”.

Ao ser procurada, a Prefeitura de Boa Vista explicou que todos os projetos de infraestrutura do município são feitos dentro das normas de acessibilidade. Segundo a prefeitura, desde 2013 já foram construídos 179 quilômetros de calçadas e outros 176 quilômetros estão em andamento. “As praças públicas, novas e reformadas pela prefeitura, buscam obedecer a legislação em relação à acessibilidade para qualquer pessoa com deficiência, seja de locomoção ou visual, por meio das rampas e piso tátil. Os abrigos de ônibus também foram feitos buscando atender as normas de acessibilidade. Hoje, a capital conta com 100% dos veículos do transporte coletivo com rampas de acesso ou elevadores, garantindo que pessoas cadeirantes possam utilizar os serviços e se deslocar por todos os bairros de Boa Vista”