O filme brasileiro Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, venceu neste sábado (25/05) o Prêmio do Júri, considerado o terceiro mais importante do Festival de Cannes. É a primeira vez que um longa brasileiro é reconhecido nessa categoria.
Bacurau, que foi exibido no festival francês em 15 de maio com a presença dos dois diretores e parte do elenco, dividiu o Prêmio do Júri com o filme francês Les misérables, de Ladj Ly.
“Faz 20 anos que eu venho ao Festival de Cannes. No começo como um jornalista. Ganhar este Prêmio do Júri significa muito”, afirmou Mendonça Filho, após receber a honraria do cineasta americano Michael Moore.
O codiretor Dornelles, por sua vez, dedicou ao prêmio “a todos os trabalhadores brasileiros da ciência, da educação e da cultura”, áreas afetadas por medidas recentes do presidente Jair Bolsonaro – Bacurau, inclusive, vem carregado de críticas e referências à atual situação política brasileira.
“Somos os embaixadores da cultura no Brasil”, acrescentou Mendonça Filho, ao lembrar que o filme A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz, ganhou na sexta-feira o prêmio principal da mostra Um Certo Olhar, a segunda mais importante de Cannes. Foi a primeira vez que um longa brasileiro venceu a principal competição paralela do festival.
Bacurau é interpretado por Sônia Braga e o alemão Udo Kier e foi rodado na divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte. Ele conta a história de uma comunidade que desaparece do mapa após a morte da matriarca. No Brasil, o longa estreia em 30 de agosto.
O pernambucano Mendonça Filho retorna a Cannes três anos após disputar a Palma de Ouro com Aquarius, também estrelado por Sônia Braga. Na ocasião, ele protagonizou um protesto contundente no tapete vermelho contra o então presidente Michel Temer.
A Palma de Ouro, principal prêmio de Cannes, foi para Parasite, do sul-coreano Bong Joon-ho. O filme é uma sátira centrada em duas famílias, uma rica e uma pobre, e os abismos sociais entre elas. É o primeiro filme da Coreia do Sul a levar a Palma de Ouro.
Já o segundo maior troféu do festival, o Grande Prêmio, foi para Atlantics, da diretora franco-senegalesa Mati Diop – a primeira diretora negra a competir em Cannes.
O Brasil só venceu a Palma de Ouro uma vez, em 1962, com o filme O pagador de promessas, de Anselmo Duarte. Em 1969, o cineasta Glauber Rocha levou o prêmio de melhor diretor por O dragão da maldade contra o santo guerreiro.
Palma de Ouro
Parasite, de Bong Joon-ho (Coreia do Sul)
Grande Prêmio
Atlantics, de Mati Diop (França)
Prêmio do Júri
Bacurau, de Kleber Mendonça Filho (Brasil), e Les Miserables, de Ladj Ly (França)
Melhor diretor
Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica), por Young Ahmed
Melhor atriz
Emily Beecham (Reino Unido), por Little Joe
Melhor ator
Antonio Banderas (Espanha), por Dor e glória
Melhor roteiro
Portrait of a lady on fire, de Celine Sciamma (França)
Fonte: Portal Terra