Audiência sobre questão energética é marcada por 7 'quedas'

A audiência púbica parlamentar que discutiu a questão energética no Estado foi marcada por uma sucessão de interrupções do serviço. No plenário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) foram contabilizadas sete quedas de energia somente pela manhã de terça-feira, 28.

A proposta, com o tema “Diga Não ao Aumento Abusivo”, é do deputado estadual Jeferson Alves (PTB) e contou com a participação de parlamentares federais, representantes de órgãos de Defesa do Consumidor, da Companhia Energética de Roraima (CERR) e da população em geral, além do diretor técnico da Roraima Energia, Rodrigo Moreira.

Em sua fala, o representante da Roraima Energia afirmou que ao longo dos anos houve a necessidade de reforço no sistema venezuelano, algo que não foi implantado pelo governo da Venezuela. “A partir de 2010, o governo brasileiro se comprometeu a fazer um complemento de geração, que naquela ocasião se iniciou com 60 megawatts. De 2010 para cá a gente constata, como distribuidora, que o fornecimento vem se degradando gradativamente”, explicou.

O diretor afirma ainda que as quedas de energia registradas recentemente não são um defeito na rede de distribuição, mas um problema de fornecimento. “Esse problema já foi levado para o Ministério de Minas e Energia (MME) há vários anos pela distribuidora e isso continua. A interligação ao sistema nacional é a nossa expectativa para superar esses problemas que estamos passando cada vez mais em Roraima”.

Com relação ao consumo o diretor explicou que são gastos de um milhão de litros de óleo diesel por dia para abastecer as termelétricas e que exige uma logística para evitar a possibilidade de interrupção no fornecimento por falta de material. Moreira ressaltou ainda que os custos com diesel não são arcados somente pela população em Roraima, mas são divididos com os consumidores do resto do país. 

Público vaia quedas de energia durante audiência

Durante a audiência o público presente vaiou nas quedas de energia e um dos manifestantes até utilizou um ‘nariz de palhaço’ para demonstrar insatisfação com o serviço. “Toda vez que falta luz é assim como me sinto. É uma palhaçada”, exclamou. Outro reclamou dos valores cobrados, em especial pela parcela da população que é aposentada e não tem condições de efetuar o pagamento. “Hoje a gente paga uma conta e deixa outra atrasada. É assim que o roraimense está vivendo”, afirmou.

Por sua vez, o deputado Jeferson Alves questionou a apresentação da companhia, afirmando que a população “paga um valor altíssimo por um serviço de péssima qualidade, comprovado pelas quedas de energia sofridas durante essa audiência”. O parlamentar ressaltou também que a ideia não era reduzir o valor da conta, mas dos impostos cobrados, e que fosse realizado o abatimento na cobrança do período em que a população fica sem o serviço. 

“O nosso povo não se nega a pagar a conta, mas que seja cobrado o justo. E hoje infelizmente não existe essa justiça. Todos os dias tem falta de energia e não se vê um abatimento na conta como a norma da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] obriga”, completou.

Parlamentares querem criar CPI para investigar questão energética no Estado

Ao final do evento, os parlamentares sustentaram a ideia de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a questão energética no Estado. Também presente na audiência, o presidente do Parlamento Amazônico, o deputado Wellington do Curso (PP-MA), afirmou que o assunto será discutido com os outros estados da região norte. 

O parlamentar do Maranhão propôs ainda a criação de uma comissão de parlamentares estaduais e federais da região norte, junto ao Parlamento Amazônico, para pleitear uma discussão em Brasília sobre o fornecimento de energia em Roraima, junto ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o Ministério de Minas e Energia até o fim de junho.

Em contrapartida, o diretor técnico da Roraima Energia informou que a empresa está atuando com seu corpo técnico e especialistas de outros estados para verificar as suspensões de energia, além de realizar uma força-tarefa junto à Aneel sobre o que pode ser feito para reduzir as tarifas de energia. (P.C.)