Cotidiano

Empresários se interessam por aumentar negócios na Guiana

O anúncio do Governo da Guiana de que o país pretende extrair petróleo e fazer grandes investimentos em estradas, construção civil, energia elétrica e portos, despertou a atenção dos empresários que fazem parte da Câmara Internacional de Comércio Brasil/Guiana e que estão de olho no crescimento de investimentos daquele país caribenho. São aproximadamente 60 empresários de diversos ramos e destes, cerca de 50 são de Roraima, o restante vem do Amazonas e de São Paulo. 

O presidente da Câmara Brasil/Guiana, Remídio Monai, disse que a perspectiva é de que a Guiana seja um dos países mais ricos do continente nos próximos cinco anos. Ele disse que vem acompanhando de perto essa expansão econômica e isso tem despertado a atenção do empresariado que vislumbra expandir seus negócios para o Caribe. 

“Muitos empresários de Roraima e de outros estados do Brasil estão acompanhando esse crescimento e vendo onde pode se encaixar e buscar lucros para suas empresas”, disse. “São empresários que querem abrir lojas e comércios e que estão visitando o país, participando de reuniões e encontros com a Câmera de Comércio e conversando com outros empresários que já estão instalados lá. Outros estão vislumbrando colocar um entreposto em Georgetown, já pensando em vender para outros países do Caribe”, afirmou. 

Um destes empresários dispostos a expandir seus negócios é o João Mendonça de Oliveira, o João da Casa Paraíba. Empresário no ramo de máquinas, equipamentos para mineração, irrigação e náutica.  

“Já temos uma empresa de construção naval na Guiana há aproximadamente cinco anos e agora estamos buscando expandir diante das novas oportunidades de mercado, abrir novas portas num campo que oferece muito espaço com os investimentos que estão sendo feitos na Guiana, e estamos nos estruturando para levar agora nosso conhecimento no comércio de máquinas, equipamentos para mineração e irrigação”, disse.

Mesmo já com estrutura no país vizinho, João disse que planeja fazer investimentos de pelo menos R$ 1,5 milhão na construção de um galpão e da loja. 

“A parte documental foi facilitada pelo fato de termos um sócio guianense que diminuiu a burocracia. O que dificulta e até intimida investidores é a logística de transporte e comunicação, mas que são pontuais e que temos que ter um olhar do universo como um todo e um futuro promissor, e perceber o Caribe e seus mais de 15 milhões de habitantes com mercado aberto”, afirmou.   

Já o empresário da Vidraçaria União, Tácito Moreira Israel, que está há mais de 30 anos no mercado de Roraima, afirmou que já tem empreendimento na Guiana com atendimento no comércio de vidros e esquadrias.  

Ele disse que já está há dois anos fazendo o planejamento de expandir o comércio no país fronteiriço e agora, com os investimentos divulgados pelo Governo, pretende colocar a ideia em prática.

“Já temos um representante comercial na Guiana que percorre o comércio, nos repassa o pedido e enviamos a encomenda. Mas pretendemos expandir com uma sede da empresa. Porém, neste primeiro momento, não vamos abrir uma nova empresa lá, e vamos manter a produção em Boa Vista, até devido à logística de estrada, o que dificulta o mercado”, disse. (R.R)

Idioma é a barreira a ser superada 

Para Remídio Monai, a Guiana será um dos países mais ricos do continente nos próximos cinco anos (Foto: Nilzete Franco/Arquivo/FolhaBV)

Entre as dificuldades apontadas pela maioria dos empresários brasileiros que compõem a Câmara de Comércio Brasil/Guiana, o idioma aparece como a principal barreira. Segundo o presidente da Câmara Comercial, Remídio Monai, esse empecilho começa a ser tratado e deve ser superado em breve.

“Os empresários citam o idioma como uma barreira a ser vencida e já estamos construindo uma solução a curto e médio prazo, inclusive a Escola de Governo vai passar a ofertar cursos de inglês. A Escolegis, da Assembleia, vai dar curso de inglês para os empresários que queiram aprender a língua e facilitar as conversações”, disse.          

Além disso, Remídio citou a estrada e uma linha aérea de Boa Vista para Georgetown. “A ideia dos empresários é junto vencerem estas barreiras e facilitar alcançar a Guiana, que tem uma população pequena e já tem empresário pensando no Caribe e exportar para outros países”, afirmou.

Remídio ressaltou que a construção civil é um dos mercados mais promissores no momento, já que o Governo pretende mudar a cara da capital Georgetown, acabando com as casas de madeira, cena que é comum por lá, e construir de alvenaria.   

“Com a chegada de recursos pela exploração do petróleo, o embaixador da Guiana, George Talbot, disse que isso está movimentando o setor de construção civil e as empresas de terraplanagem e de construção estão de olho neste investimento de infraestrutura”, disse.

Outro ponto destacado pelo presidente da Câmara de Comércio Brasil/Guiana, foi quanto ao pedido feito pelo embaixador ao Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) para dar suporte à construção de um Distrito Industrial na vizinha cidade de Lethen. 

“O Governo da Guiana quer instalar um Distrito Industrial moderno, dotado de toda infraestrutura, energia, estrada, internet e querem ter o apoio técnico e de conhecimento igual ao do polo industrial de Manaus e uma viagem do superintendente da Suframa à Georgetown já está sendo agendado para ele iniciar estas conversações”, disse.

Sobre os trabalhos da Câmara de Comércio para de aproximação dos empresários com o Governo da Guiana, Remídio Monai disse que já foram realizadas três encontros com autoridades guianeses. Duas delas na Guiana e uma em Roraima. 

“Fizemos uma reunião com a Associação Comercial de Lethen e outra com a Associação Comercial de Georgetown e com o presidente da Associação da Indústria e recentemente tivemos uma reunião com o embaixador da Guiana e superintende da Suframa em Boa Vista”, disse. “Inclusive o embaixador informou aos nossos empresários sobre os tipos de investimentos que estão abertos nestes primeiro momentos e que locais são propícios para determinada produção, onde é melhor para criar gado, plantar frutas, arroz, soja, onde está o minério e as empresas que estão chegando estão sendo direcionadas para cada região”, afirmou. “Além disso, o embaixador frisou que a prioridade do Governo é construir a estrada que liga Lethen a Linden”, complementou. (R.R)