O áudio de um médico do Hospital Geral de Roraima (HGR) deixou muita gente assustada, neste sexta-feira, dia 31. Ele faz alerta à população sobre ocorrências de assalto nas quais os bandidos usam ácido, jogando nos olhos das vítimas, na intenção de deixá-las sem visão e roubar seus pertences.
A reportagem da Folha tentou entrar em contato com o médico para que ele relatasse um pouco mais sobre os pacientes que deram entrada com as características de terem olhos queimados com ácido, mas não conseguimos êxito nas tentativas. No áudio que tem pouco mais de um minuto, o médico diz: “Meus amigos, a título de informação geral, estou saindo do HGR agora, meia noite e trinta e três, com mais um episódio de uma forma de assalto que está ocorrendo nessa cidade que é jogar ácido na cara dos outros. Gente, muito cuidado com abordagem de desconhecidos, principalmente quem está de bicicleta, moto”, explicou.
O alerta também serve para quem dirige com os vidros baixos. “Vocês, meninas, que pegam o carro, andam de vidro baixo, param no semáforo, é vidro levantado, porta trancada, não dá moral, não baixa vidro para conversar com ninguém. Acabei de atender um rapaz aqui que foi assaltado, levaram a moto. Vai perder a visão com queimadura grave de olho, então, mais uma vez fica o alerta para todo mundo tomar cuidado com essa modalidade, que eles jogam mesmo e não estão nem aí”, concluiu.
A Folha conversou com o comandante geral da Polícia Militar, coronel Elias Santana, mas ele explicou que há apenas um registro na instituição. “Nós indagamos nossas guarnições e não temos nenhum relatório produzido nem ocorrência circunstanciada que narre esse tipo de ação, então, é difícil estabelecermos um modus defesa se não temos um modus operandi de quem está praticando isso aí. Tem um caso registrado ano passado nas proximidades da Feira do Passarão, mas é um caso bem distante. Neste ano não sei se tem um registro concreto deste tipo de ocorrência”, justificou.
A partir de agora, o comandante informou que as equipes de policiamento ostensivo estão orientadas a abordar quem carrega potes ou garrafas em suas mãos. “É imperioso que nossas guarnições, fora do atendimento de ocorrências, realizem abordagens de indivíduos que portem recipientes, para tentar identificar os perpetradores dessas ações. Passei essa orientação para os nossos oficiais de serviço, no tocante a ações preventivas”, destacou.
Depois da repercussão do caso narrado pelo médico, um familiar da vítima explicou que o rapaz foi atendido no Hospital, mas na sexta-feira, procurou o atendimento particular de um oftalmologista para ser submetido a um procedimento cirúrgico.
Por outro lado, conseguimos conversar com o filho de outra vítima que é proprietária de um estabelecimento comercial. O rapaz contou que seu pai estava em um lanche, no Bairro dos Estados, há quase dois meses, quando um elemento se aproximou, perguntou as horas e assim que a vítima informou, foi atacada com o pó em seus olhos. O elemento tomou o celular e correu.
GOVERNO – Procuramos a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para saber que os números de atendimentos a pessoas vítimas de queimaduras com ácido, mas informou em nota que não consta especificado como registro estatístico ataques utilizando ácido contra pessoas.
OUTROS CASOS – Em janeiro a Folha contou o caso de um pescador que afirmou que no dia 17 de dezembro do ano passado, retornava para sua residência, seguindo pela Avenida Ataíde Teive, no bairro Sílvio Leite, quando precisou reduzir a velocidade para fazer uma conversão e foi atacado por um travesti que jogou um pó em seus olhos.
No dia 25 de janeiro, ainda deste ano, um caminhoneiro contou que foi atacado por um grupo de travestis, na rotatória da Praça Simon Bolívar, ocasião em que um produto foi jogado em seus olhos, momento em que seu celular e sua mochila foram roubados.
Os dois casos foram registrados na Central de Flagrantes do 5o DP. (J.B)