O Leilão de Geração 01/2019 para suprimento a Boa Vista e localidades conectadas ocorreu nesta sexta-feira, 31, e poderá gerar investimentos na ordem de R$ 1,62 bilhão envolvendo a combinação de fontes térmicas de biomassa, gás natural, biocombustível e de energia solar.
O leilão foi realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Na ocasião, nove empresas foram vencedoras do processo embora mais de 150 empreendimentos tenham participado do leilão.
Entre as empresas contempladas a principal é a Uniagro, que venceu para fornecimento de eletricidade a partir de biomassa. A empresa pode fazer investimento de R$ 365 milhões e uma potência nominal de 40 megawatts, com atuação nos municípios de Bonfim, Cantá e na região de Pau Rainha e Santa Luz.
A empresa Enerplan venceu para fornecimento de energia à base de biocombustível e energia solar em uma instalação em Rorainópolis, com possíveis investimentos de R$ 70 milhões e uma potência nominal de 11,4 megawatts. Os dois complexos eólicos da empresa ficam no Ceará e no Rio Grande do Sul.
A BFF venceu para fornecimento que mescla biocombustível com biomassa. No caso da BFF, a atuação acontecerá na Usina Termelétrica (UTE Brasil Bio Fuels), sendo implantada em conjunto com a Usina de Beneficiamento de Palma de Óleo no município de São João da Baliza. Ao todo serão investidos R$ 635 milhões, com uma potência nominal de 73,8 megawatts.
A empresa Azulão também foi uma das vencedoras do leilão com fornecimento de gás natural e aportará investimento de R$ 425 milhões e uma potência nominal de 126,2 megawatts. O campo de gás natural do Azulão fica no Amazonas, mas será liquefeito e transportado por carretas para Boa Vista, capital de Roraima, onde será instalada a UTE Jaguatirica II.
Por fim, o Grupo Oliveira Energia é a única com contrato de sete anos. A empresa ficará responsável pela geração de energia a partir de óleo diesel em Monte Cristo, com oferecimento de 42,2 megawatts de potência e um futuro investimento de R$ 126 milhões.
Ao todo foram contratados 293,8 megawatts de potência nominal e 48,7 megawatts médios de energia inflexível, resultando no total de 342,5 megawatts. A previsão é que o início do suprimento inicie em 28 de junho de 2021.
LEILÃO – Além de representantes da Aneel e do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o leilão também contou com a participação do governador do Estado, Antonio Denarium (PSL), senador Chico Rodrigues (DEM) e o deputado federal Antônio Nicoletti (PSL).
O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, afirmou que o resultado do leilão eleva o estado de Roraima a um novo patamar no que diz respeito à segurança elétrica, mas ressaltou que a seguridade só será plenamente concluída “quando avançarmos com a interconexão Manaus-Boa Vista (linhão de Tucuruí)”.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou que leilão também vai permitir a redução de 35% nos valores pagos atualmente pela eletricidade, já que atualmente o estado paga R$ 1,28 mil pelo megawatt/ hora (MWh) gerado pelas termoelétricas a diesel e com o leilão o valor médio ficou em R$ 833.
Já o governador afirmou que empresários vão ter mais confiança em investir em Roraima. “A construção das usinas vai gerar, pelo menos, três mil empregos, garantindo renda para a população e movimentação do comércio”, declarou Denarium.
População poderá se beneficiar com segurança energética e geração de renda, acredita Marcos Jorge
Foto: Secom
O atual secretário de Planejamento do Estado (Seplan), Marcos Jorge, que já atuou como membro do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) avaliou o leilão com um resultado satisfatório, com benefícios imediatos para a população em Roraima, mesmo que o suprimento comece efetivamente somente daqui a praticamente dois anos.
Jorge citou, por exemplo, que a empresa Palmaplan já está instalada no município de Rorainópolis, na Vila do Equador, onde vai atuar pelo fornecimento de energia a partir de biomassa do projeto do dendê instalado na região e a empresa BBF, em São João da Baliza, que também vai gerar energia a partir de biomassa no Sul do Estado.
“Então, essas empresas vão gerar renda para a agricultura familiar, além de empregos para o Estado de Roraima. Outros empreendimentos vão se instalar no Estado e vão gerar esse valor significativo de recursos investidos. Com certeza se refletirão em centenas de empregos, em recursos que serão destinados para a economia do Estado, além de nos trazer segurança energética, que é o maior benefício”, avaliou.
A questão ambiental também foi citada pelo titular da Seplan, já que a partir do leilão o Estado irá sair da condição de consumidores e geradores a partir de óleo diesel para uma geração alternativa, segura, sem altos índices de poluição e com a contratação de potência acima da nossa necessidade atual.
“A nossa realidade atual é de em torno de 210 megawatts e estamos falando de 300 megawatts de contratação. É uma energia bem menos poluente, portanto, com impactos bem menores do que a geração que nós temos hoje no nosso Estado para o meio ambiente”, analisou. (P.C.)