Polícia

Entregador tem olhos queimados por assaltantes

Entregador que teve olhos queimados por produto químico conta como foi o ataque dos bandidos

Usando óculos escuros, com as mãos sobre o rosto e acompanhado da mãe. Foi assim que entrou no 4° DP a vítima que teve os olhos queimados por produto químico na noite da quinta-feira da semana passada, dia 30 de maio, dando fim às especulações e às informações de que o caso não seria verdadeiro. A reportagem da Folha conversou exclusivamente com a vítima para saber detalhes do que aconteceu naquele fatídico dia.

O homem, de 39 anos, ainda não consegue abrir os olhos porque passou por um procedimento cirúrgico na sexta-feira, dia 31, no qual fez a retirada do produto químico e uma raspagem nos olhos, o que impediu que ele ficasse cego. “O produto é uma espécie de cola amarelada que estava em meus olhos. Graças a Deus estou me recuperando aos poucos e não vou ficar cego. O produto químico queimou mais o olho esquerdo que o direito”, explicou.

Na quinta-feira, por volta das 22h, a vítima saiu do supermercado onde trabalha como entregador, na Avenida Mário Homem de Melo, bairro Tancredo Neves e seguiu para sua casa, pela avenida Ataíde Teive. Ao passar da Mangueira, no bairro Sílvio Leite, disse que dois homens em uma motocicleta o fecharam e fizeram com que ele desviasse para uma das ruas escuras de dentro do bairro.

Com uma arma em punho, o condutor da moto fez ameaças de atirar e colocou a arma no pescoço da vítima. O outro criminoso usou um produto spray para fazer com que a vítima deixasse de enxergar e tomou seu aparelho celular. Só não roubaram a moto porque um veículo se aproximou, momento em que os indivíduos fugiram e tomaram destino incerto.

Com a pouca visão que restava, o homem disse que conseguiu chegar até sua residência, na moto. “Eu não sei como consegui chegar. Foi Deus. Quando cheguei em casa, lavei meus olhos, deitei, mas não passava. Parecia que estava queimando tudo e ficava corroendo. Eu subi na moto de novo e fui para a casa da minha mãe, onde encontrei minha irmã e ela me levou para o Hospital”, acrescentou. 

No HGR, a vítima foi atendida pelo médico responsável por fazer o alerta à população. Desde aquele dia, a família do homem não tinha procurado a Polícia porque ele não tinha condições de depor e nem de sair de casa. “Chegaram a dizer que era mentira, mas é infelizmente é verdade. Meu filho não foi primeiro. Tem muitos casos”, revelou a mãe da vítima.

O homem ainda explicou que o indivíduo que anunciou o assalto era brasileiro porque falou em português. Ele disse que tem esposa e filho, em que pensou muito nos dias mais difíceis.

O Setor de Operações do 4o DP comunicou à Folha que, ao tomar conhecimento dos fatos, iniciou imediatamente as investigações em campo, a fim de chegar ao paradeiro dos autores do crime.

OUTRO CASO – No começo da tarde de ontem, dia 4, um homem deu entrada no HGR, também com os olhos queimados por produto químico. Um funcionário da Unidade de Saúde comunicou à Folha que estava de plantão quando a vítima chegou sofrendo bastante. O servidor que atendeu o homem não deu detalhes sobre o local da ocorrência e as circunstâncias do crime porque ainda não tinha conversado com o paciente sobre os fatos. (J.B)