Cotidiano

Governo pede prazo, mas greve é mantida

Movimento grevista foi anunciado na sexta-feira e professores recusaram pedido do governo de 20 dias para estudar reivindicações

Apesar do pedido do Governo do Estado de mais 20 dias de prazo para estudar as reivindicações, os professores decidem manter a greve na rede estadual de ensino para a próxima sexta-feira, dia 20. Segundo o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação de Roraima (Sinter), Ornildo Souza, a solicitação do governo não foi aceita e o movimento grevista já havia sido decido em assembleia na noite de sexta-feira passada.
Conforme ele, o sindicato está aberto ao diálogo para que as reivindicações da categoria, como o enquadramento dos professores e secretários de escolas no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) e a criação e implantação do PCCR dos técnicos da educação sejam discutidas. “Nós esperamos por essa conversa com o governo. Se nos chamarem para sentarmos à mesa hoje ou amanhã, e nos proporem algo que for de interesse da categoria, vamos analisar”, disse.
Questionado sobre os prejuízos que os alunos terão com a possível alteração do calendário escolar, caso ocorra a paralisação, o sindicalista afirmou que a classe dos trabalhadores tem buscado seus direitos e que eles não gostariam de ter chegado a este ponto. “Se observarmos por esse lado, prejudica todo mundo, tanto os estudantes quanto os professores. Mas, infelizmente, a greve é o último instrumento que os profissionais em educação têm para que possam realmente ir atrás dos seus direitos. Não era a intenção chegar a este ponto, mas enquanto o governo estiver insensível à situação dos trabalhadores, será dessa forma”, destacou.
INTERIOR – Se a situação em várias escolas da Capital e de algumas cidades do interior é preocupante, nos municípios de São Luiz do Anauá, São João da Baliza (ambos no Sul do Estado) e Caroebe (Sudeste) é ainda pior. Quase um mês após o início do ano letivo na rede estadual de ensino, as aulas nas três localidades sequer começaram.
O caso fez com que o Ministério Público de Roraima (MPRR) protocolasse uma ação civil pública, com pedido de liminar para que o governo seja obrigado a apresentar uma solução para o problema. Segundo o MP, cerca de 3.250 alunos foram prejudicados com o atraso.
Ornildo Souza disse que o sindicato já tomou conhecimento sobre a situação das escolas do interior e que espera uma resposta do Executivo estadual acerca da questão. “Em vários municípios a situação está muito difícil. As escolas estão sem as mínimas condições de terem aula e, assim como o MP, estamos aguardando uma posição do governo, que tem que dar uma resposta para a sociedade”, frisou.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo informou que a Secretaria Estadual de Educação e Desportos está finalizando a análise curricular dos candidatos ao processo seletivo que contratará, até o dia 31 de dezembro, 444 professores temporários que suprirão a necessidade das escolas do interior do Estado.
Sobre a ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Estadual em relação ao início das aulas nas escolas de Caroebe, São João da Baliza e São Luiz do Anauá, a Procuradoria-Geral do Estado disse que vai analisar e tão logo irá se manifestar.
A Seed afirmou que está solucionando os entraves para o início do ano letivo em algumas unidades do interior, uma vez que os problemas foram originados na gestão passada do governo e a atual gestão está empenhada em resolver questões pontuais e garantir um ensino de qualidade aos 74 mil alunos da rede pública estadual. (L.G.C)
Justiça manda governo dar início às aulas na região Sul do Estado
A pedido do Ministério Público de Estado de Roraima (MPRR), a Justiça concedeu antecipação de tutela determinando que a Secretaria de Educação do Estado promova, no prazo de cinco dias, o início do ano letivo nas escolas estaduais dos municípios de São Luiz do Anauá, São João da Baliza e Caroebe.
Conforme liminar concedida ontem pela Justiça da Comarca de São Luiz, o governo tem o prazo de três dias para nomear os gestores das unidades escolares dos municípios. O estado também deverá no prazo de cinco dias suprir o quadro de professores de todas as disciplinas.
Também será obrigado a assegurar transporte escolar, fornecer os itens para o preparo da merenda, providenciar a lotação de servidores das equipes pedagógicas e de apoio, bem como disponibilizar materiais didático-pedagógico, limpeza e manutenção.
A AÇÃO – Consta na ação, ajuizada pela Promotoria de Justiça da Comarca de São Luiz na sexta-feira, que grande parte das escolas estaduais ainda não iniciou as atividades em razão da insuficiência de gestores, professores, material didático, merenda e transporte escolar. As aulas em toda a rede estadual deveriam iniciar em 23 de janeiro.
A promotora de justiça substituta da Comarca, Soraia de Azevedo Cattaneo, afirmou que a situação exige solução emergencial e a devida atenção do Estado, uma vez que a Comarca de São Luiz do Anauá conta com nove escolas da rede pública estadual de ensino e em todas foram detectados problemas, os quais impedem o acesso pleno de cerca de 3.250 alunos.
“As crianças e adolescentes têm, constitucionalmente garantido, o direito à educação. O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, de modo que o não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”, frisou a promotora.