Dar atenção médica e humanitária em situações de conflitos armados, desnutrição, epidemias e desastres naturais. Foi com esse propósito que, em 1971, era formada a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), por médicos e jornalistas franceses. Hoje, quase meia década depois, o MSF atua em mais de 70 países. Atualmente, no entanto, Roraima é o único estado brasileiro a receber atenção da organização.
Com cerca de 30 profissionais, a equipe do MSF chegou a Roraima em novembro de 2018 devido à crise migratória. Desde então, a equipe formada por médicos, psicólogos, promotores de saúde, administradores e engenheiros atua dentro e fora dos abrigos por meio de ações de promoção de saúde, higiene e outros. O trabalho, contudo, vai além do atendimento aos imigrantes.
Por se tratar de uma organização de emergência, o Médicos Sem Fronteiras atua junto a quem precisa, independente de nacionalidade, etnia, raça e orientação sexual, conforme explicou o assessor Paulo Braga. “Quando em um conflito, por exemplo, não há um lado para direcionar nossos atendimentos, uma vez que prezamos pela neutralidade, imparcialidade, transparência e independência. Então, atendemos a ambos os lados”, disse.
Especificamente nos abrigos, a maioria dos atendimentos ocorre de forma coletiva, tanto para crianças como para adultos. Caso seja detectado algum problema mais específico, são realizadas consultas individuais. “A questão da migração não é trivial, envolve uma separação do ambiente em que aquela pessoa estava vivendo. Então a gente tenta, dentro da nossa capacidade, trabalhar essa transição e aceitação, a fim de que o caminho seja o mais harmonioso possível”, explicou.
Assim como aconteceu em Roraima, o MSF se dirige a locais onde há situações de emergência para desenvolver um projeto. A partir do momento que a situação se resolve de alguma forma, ou existe um ator público para assumir a responsabilidade, a organização entrega o projeto e parte para outra localidade. A ideia é que o trabalho não seja algo permanente. Esta, inclusive, não é a primeira vez que a organização vem a Roraima.
Na Amazônia, um dos projetos pioneiros foi o treinamento de agentes de saúde indígenas para a detecção e tratamento de malária, em Roraima, nos anos 90. Em casos mais recentes, o MSF também atuou nas tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. Nesses locais, onde já havia a atuação dos Bombeiros e de equipes médicas, por exemplo, eles realizaram treinamento com profissionais a fim de que pudessem lidar com possíveis transtornos psicológicos e outros traumas.
MÉDICOS EM RORAIMA – Atualmente, duas médicas da organização humanitária estão prestando atendimento em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital, uma no Treze de Setembro e outra no São Vicente, devido à concentração expressiva de imigrantes nas regiões.
DOAÇÕES – Por ser uma organização internacional sem fins políticos ou lucrativos, o MSF é mantido por doações, sendo 96% dos recursos provenientes de doações de pessoas físicas. “Não aceitamos de empresas de medicamento, indústria de armas ou qualquer outro negócio que venha a ferir os ideais da organização”, frisou o assessor Paulo Braga. Para mais informações sobre tipos de doações, basta acessar o site www.msf.org.br. (A.G.G)