Cotidiano

Feirantes contestam denúncia de comercialização de carne clandestina 

De acordo com representante da feira, carne possui selo de Inspeção Estadual garantindo qualidade dos produtos

Após a denúncia de que carnes clandestinas estariam sendo vendidas na feira do produtor em matéria publicada no dia 9 de julho, os feirantes que atuam nos 16 boxes destinados à comercialização no local, procuraram a Folha para contestar as informações. De acordo com o administrador da Feira do Produtor, Nadson Barbosa, todos os produtos vendidos dentro da feira são fiscalizados pela vigilância sanitária e qualquer procedência que não estiver de acordo com as normas no oferecimento de alimentos de qualidade à população é de imediato autuado.

“Existem 307 feirantes cadastrados e trabalhando na Feira do Produtor, e no tempo em que estou à frente da administração não registramos nenhuma denúncia referente à venda de carne de origem clandestina. Já fui até a vigilância sanitária há alguns meses em busca de esclarecimentos, porque não é a primeira vez que escutamos a história de quem fez a denúncia. Não somos justiça, mas o trabalho de verificar se os feirantes trabalham dentro da lei é feito e jamais foram encontrados indícios que acusem alguém”.

Nadson também ressaltou que o trabalho de fiscalização quanto à origem da carne que dá entrada na capital é de responsabilidade da Agência de Defesa Agropecuária (ADERR) e que todo rebanho vivo deve possuir um selo de Guia de transporte de Animais (GTA) e a carne do animal já abatido, o selo de Inspeção Estadual (SIE) garantido após a vacinação contra a febre aftosa. 

“As barreiras de entrada em Boa Vista deveriam ter a permanência de equipes que façam o trabalho de acompanhamento de origem dos produtos que circulam nos comércios da capital. Se ainda ouvimos notícias de que carne clandestina e outros produtos podem estar sendo vendidos em outros estabelecimentos, o problema é a falta de fiscalização dos órgãos competentes, que não buscam saber a documentação e qualidade da carne”, disse Nadson.

Cosmo Oliveira é feirante há mais de 26 anos e, de acordo com ele, a cobrança para comercialização legal da carne foi feita há cerca de 20 anos. “Na época, quando o matadouro de Roraima não suportava a demanda, havia, sim, matadouros clandestinos, mas a fiscalização da vigilância foi reforçada e as exigências também. Aqueles que fossem pegos realizando comercialização de carne de origem duvidosa perderia, além da credibilidade, o direito de ocupar os boxes”.

Ainda de acordo com Oliveira, a carne que chega à feira e é repassada à população possui selos e documentação comprovada, inclusive do comprador do gado e matadouro de destino.

 “A carne vem em caminhões refrigerados e há uma exigência quanto ao transporte. Ninguém está autorizado a receber carne de rebanho abatido no mesmo dia. É preciso ter pelo menos 24 horas para que a carne seja refrigerada e alcance a temperatura ideal. Quando chega até nós, é guardada em uma câmara, também refrigerada, e tratada conforme a demanda da semana”, explicou o feirante.

Aderr diz que fiscalização é responsabilidade da vigilância municipal


Feirantes dizem que carnes comercializadas em boxes da feira possuem documentação de origem (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A Agência de Defesa Agropecuária de Roraima informou em nota que a fiscalização quanto à origem da carne está restrita aos matadouros frigoríficos do Monte Cristo, Cantá e Rorainópolis e que acompanha toda a linha de abate dos animais, incluindo a expedição do selo de Inspeção Estadual (SIE).

“O veterinário verifica o animal antes e após o abate, analisa a carne e acompanha seu resfriamento a fim de que o consumidor receba carne de qualidade. Após o processo, o material a ser comercializado recebe o Selo de Inspeção e o romaneio, com informações sobre o produto, como peso e procedência”.

Quanto ao trânsito, a Aderr disse que fiscaliza animais vivos, cobrando inclusive a GTA (Guia de Trânsito Animal). “Conforme esclarecido, o animal já abatido precisa ter o Selo de Inspeção Estadual, ou, no caso do Frigo 10, o Selo de Inspeção Federal, para poder ser comercializado; e a fiscalização desses produtos é de responsabilidade da Vigilância Sanitária de cada município”.