A visão da migração apresentada para representantes do Governo Federal em Brasília é diferente da realidade vivida pela população roraimense. Pelo menos é essa a impressão tida por parlamentares do Estado após reunião das Comissões de Relações Exteriores (CRE) e de Direitos Humanos (CDH), no Senado Federal.
Participaram da reunião representantes de organizações não governamentais, da Organização das Nações Unidas (ONU) e parlamentares, entre eles, os deputados Renato Silva (PRB), Neto Loureiro (PMB) e o senador Mecias de Jesus (PRB).
O senador relatou que é preciso que as autoridades percebam que a crise não atinge somente aos migrantes venezuelanos. “A ONU, os militares brasileiros e outros setores estão de parabéns pelo trabalho heroico de assistência que prestam, mas ele atinge um número muito reduzido de no máximo sete mil pessoas”, completou.
Os representantes do Estado afirmam ainda que os dados apresentados estão longe daqueles vistos em Roraima, como o baixo percentual de venezuelanos em situação de rua. “A realidade que eles levam é diferente. Que só duas mil pessoas estão na rua passando fome. A gente viu que eles levam uma realidade muito diferente do que a gente vê por aqui”, informou o deputado Renato Silva em entrevista à Rádio Folha 100.3 FM, na sexta-feira, 12.
O parlamentar acrescentou ainda que a visão é formada a partir de visitas de poucos dias a Roraima, guiada principalmente pelas atividades da Operação Acolhida, do Exército Brasileiro. “Eles estavam inclusive elogiando, dizendo que está tudo perfeito aqui em Roraima. Que vivemos às maravilhas e que a Operação Acolhida é um sucesso e está resolvendo tudo. Essa não é a realidade. As pessoas vão em Roraima e passam dois dias, quatro dias. Visitam a Operação Acolhida, participam de almoço, recebem informações que convém. A Operação Acolhida não abriga nem 10%”, completou.
Na discussão falta apresentar os dados com número de pessoas nas filas dos hospitais e nas filas para conseguir uma matrícula nas escolas municipais, declarou o deputado. “Se a realidade não chegar para os responsáveis em Brasília, não vai vir recurso para o Estado”, afirma o parlamentar.
Para que os dados oficiais cheguem até o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RR), a sugestão é que os parlamentares federais se unam e marquem uma audiência com o próprio presidente ou ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para levar essa situação, completou Silva.
“Temos que arranjar um jeito de chamar a atenção deles e nada mais dos que os representantes federais do Estado. Um grupo com dois, três, cinco, é melhor do que só um falando”, completou. (P.C.)