Cotidiano

Tabagismo pode causar mais de 50 enfermidades no organismo humano 

No país, 428 pessoas morrem por dia em decorrência da dependência de nicotina

O tabagismo, doença crônica causada pela dependência de nicotina, presente nos produtos que tem o tabaco como base, é responsável por mais de 50 enfermidades no organismo humano, como Acidente Vascular Cerebral, ataques cardíacos, doenças no sistema digestivo e 15 diferentes tipos de câncer, sendo dentre eles os mais comuns o câncer de pulmão e câncer de faringe. 

A pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer, o INCA, ainda aponta que no país 428 pessoas morrem por dia em decorrência da dependência de nicotina e que embora os números sejam expressivos e o Brasil ocupe oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes, houve redução no Brasil. Em 1989, 34% da população era fumante e hoje apenas 14,7% acima de 18 anos possui problemas com vício do cigarro, em sua maioria integrantes do sexo masculino.

Antônio Pereira tem 53 anos de idade e fuma desde os 16. Atualmente consome sete maços de cigarro por semana, o que equivale a 20 unidades por dia. De acordo com ele, o hábito é tão comum em sua rotina que chega a fumar sem estar com vontade. “Comecei por influência das companhias. Era muito novo e na época as indústrias de cigarro eram mais livres para fazer comerciais a favor do fumo. O cinema mostrava o cigarro como algo descolado e bacana de se consumir”

Questionado sobre o receio em desenvolver problemas de saúde, Pereira disse que não pensa sobre o assunto e que todos os anos faz exames médicos que ainda não apontaram nenhum dano ao organismo. “Sou muito ativo, vivo em contato com natureza, já fiquei uns anos sem fumar, mas não estou preocupado em parar novamente. Sei que gasto bastante com a compra dos cigarros, dinheiro que eu poderia aplicar em outras coisas, mas isso não tira o meu sono”, explicou.

Médica alerta sobre uso de cigarro eletrônico e narguilé 


A Médica Magda Noleto alerta: “Cigarro eletrônico e narguilé são tão prejudiciais quanto o cigarro comum” (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

A nicotina, substância psicoativa presente na fumaça do cigarro, causa dependência ao atuar no sistema nervoso central como a cocaína, heroína e o álcool, levando apenas 19 segundos para chegar ao sistema do cérebro. De acordo com a Médica Magda Noleto, a preocupação que tem sido bastante observada entre o público jovem é a utilização do cigarro eletrônico e o consumo de narguilé, uma espécie de cachimbo grande para consumo das substâncias. Durante uma sessão de uma hora de narguilé, a quantidade de fumaça inalada equivale ao fumo de 100 a 200 cigarros. Isso porque, ao fumar narguilé, a pessoa é exposta por muito mais tempo à fumaça do tabaco, já que o tempo de duração de um cigarro comum é de apenas alguns minutos. 

A médica também ressaltou os perigos do cigarro eletrônico e que a única diferença do cigarro tradicional comercializado nos estabelecimentos é que não queima o tabaco, mas que o fumante continua a aspirar todas as sustâncias tóxicas. 

“No cigarro eletrônico, aditivos são aquecidos e saem em forma de vapor, sendo ainda aspirados pelo usuário o monóxido de carbono, fator de risco para infarto, e os alcaloides do alcatrão, que são agentes cancerígenos. Cigarro eletrônico e narguilé são tão prejudiciais quanto o cigarro comum por isso fica o alerta principalmente aos jovens que, por curiosidade, acabam gerando dependência nessa brincadeira”

Conheça as políticas públicas para o combate ao tabagismo 

As pesquisas relacionadas ao tabagismo revelam que os fumantes comparados aos não fumantes apresentam risco 10 vezes maior de adoecerem. Por preocupação em criar políticas públicas que diminuam o consumo e o incomodo causado pela fumaça, já é válida, em todo o território Federal, a Lei n 12.546 antifumo, que proíbe fumar em locais fechados ou parcialmente fechados. A lei também vale para áreas comuns, como condomínios e clubes. Já sobre a comercialização do cigarro eletrônico, foi expedida pelo Ministério da Saúde a resolução RDC 46/2009, proibindo a comercialização, importação e propaganda de qualquer dispositivo eletrônico de fumo no território nacional.

O Governo Federal também estuda reduzir a carga tributária do cigarro sob motivação da baixa qualidade do fumo contrabandeado. Se o estudo determinar que haverá aumento do consumo do cigarro, e não apenas substituição do cigarro pelo produto nacional, a proposta será vetada.

As secretarias estaduais e municipais de Saúde vêm organizando rede de unidades de saúde do SUS para oferecer tratamento do tabagismo para os fumantes que desejam parar de fumar. O tratamento é realizado por avaliação individual, ou sessões de grupo de apoio, nas quais são repassadas orientações de como deixar de fumar e principalmente como viver sem cigarro. 

Em Roraima, o Estado disse em nota que capacita, monitora e dá todas as condições para os municípios de Boa Vista, Caroebe, Caracaraí e Pacaraima implantarem os programas de auxílio aos fumantes. Na capital, a Prefeitura de Boa Vista oferece nas unidades básicas de saúde o acompanhamento para pessoas que desejam lutar contra o vício do cigarro. Ao todo são 9 grupos antitabagismo atendendo 152 pacientes.

 “O tratamento é realizado com adesivo de nicotina e a medicação que ajuda a diminuir a ansiedade. O tratamento é contínuo e mensal, com duração de seis meses a um ano. Os pacientes são acompanhados ainda pelos agentes comunitários de saúde nas visitas domiciliares e pelo grupo de WhatsApp das unidades”