Cotidiano

Transporte escolar vai parar na 2ª-feira

Donos de carros que fazem transporte de alunos da rede estadual cobram uma dívida de R$15 milhões do governo

Uma comissão de empresários do ramo de transporte escolar, que presta serviços às escolas estaduais, anunciou uma nova paralisação a partir da próxima segunda-feira, 23. Eles alegam que, devido ao não pagamento dos empenhos referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2013 e 2014, além dos três primeiros meses de 2015, não têm mais condições de continuarem rodando.
Com mais uma paralisação da categoria – a última havia sido em novembro de 2014 -, cerca de seis mil alunos que dependem do serviço para se deslocarem até as escolas da Capital e do interior devem ser prejudicados. “Lamentamos essa situação, não queríamos chegar a esse ponto, mas não temos mais condições de continuar trabalhando sem receber”, disse um empresário em entrevista à Folha, que preferiu não se identificar.
Ele afirmou que a dívida do governo com a categoria tem causado vários prejuízos à classe. “Acontece que eles [governo] estão nos enrolando há vários meses. Não temos empenho nem pagamento e o transporte escolar não aguenta mais. Muitos de nós já tivemos que vender casas, carros, terrenos e devemos postos de combustíveis, parcelas dos veículos, além de oficinas. Os prejuízos são grandes e a situação não é fácil”, afirmou.
Conforme ele, dos 60 empresários do ramo de transporte escolar do Estado, apenas alguns foram “beneficiados” com o pagamento da dívida. “Umas seis ou sete empresas receberam esses débitos, mas não sabemos o motivo de terem pagado apenas eles. O direito deveria ser para todos, mas estão beneficiando apenas essa minoria”, reclamou.
O total da dívida com os empresários, segundo ele, gira em torno de R$15 milhões. “Calculando esse montante, cada um de nós teria que receber em torno de R$400 mil a R$ 500 mil. Já estamos fechando mais um mês na segunda, mas não temos como tirar a nota porque não tem empenho”, relatou.
Ainda segundo o empresário, a categoria tentou por várias vezes um diálogo com a atual gestão do governo, mas não foram recebidos em nenhum momento. “Já estamos na décima tentativa de falar com o governo e ainda não conseguimos. Toda semana nos dão previsão de pagamento, mas nunca sai. Então, decidimos pela paralisação por tempo indeterminado, até que a situação seja resolvida”.
GOVERNO – O Governo do Estado esclareceu que as dívidas acumuladas do transporte escolar são referentes à gestão anterior e que a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) está finalizando um levantamento para identificar o montante real do que não foi pago de dívida processada pela gestão passada.
“Somente após esse diagnóstico, previsto para ser concluído ainda no mês de março, que serão adotadas medidas legais para pagamento no futuro, seja como restos a pagar ou como reconhecimento de dívida”, disse.  O governo informou ainda que o levantamento preliminar aponta para um débito de pouco mais de R$ 3,4 milhões referentes ao ano de 2014, sendo que a gestão anterior não deixou recursos em caixa e detalhamento para qual empresa efetuar o pagamento.
“Adiantamos que a atual gestão está se esforçando para regularizar a situação e por quatro vezes se reuniu com os empresários do setor de transporte escolar para ouvir as reivindicações e abrir um canal de diálogo e negociação”, frisou.