Política

Investigação aponta que médicos recebiam sem cumprir horário  

Ação da Sesp e da Polícia Civil quer comprovar se médicos estavam trabalhando e se não recebiam dobrado pelo serviço

A suposta irregularidade no cumprimento da jornada de trabalho de médicos efetivos e membros da Cooperativa Brasileira de Trabalho Múltiplo de Saúde (Coopebras) foi alvo de operação em Roraima. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na quinta-feira, 25, no Hospital Geral (HGR), Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e na sede da cooperativa.

A investigação tem como base denúncias protocoladas no Ministério Público Estadual (MPRR) pelo ex-secretário estadual de Saúde Ailton Wanderley, que deixou a pasta em abril de 2019. A Operação Hipócrates (pai da Medicina) foi coordenada pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e a Polícia Civil de Roraima (PCRR). 

Em coletiva de imprensa, a titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Drcap), delegada Darlinda Moura, informou que no primeiro momento foram apreendidos relatórios médicos, ficha de ponto e outros documentos, para comparar se os médicos realmente cumpriam a sua jornada de trabalho como deveriam.

“Médicos efetivos teriam sido contratados pela Cooperativa para trabalhar no mesmo período para o Estado. A investigação é para saber se o profissional recebia duas vezes, como efetivo e como cooperado, e se cumpriu a sua jornada de trabalho”, informou a delegada. 

A delegada estima que se for comprovada a irregularidade, é possível afirmar que houve um prejuízo de pelo menos 50% do volume de atendimento feito pelos médicos à população. Caso seja comprovado o dano ao erário, os valores também deverão ser devolvidos, ressaltou a delegada.

Outras informações como a quantidade de médicos investigados ainda está sob sigilo, informou Darlinda, mas a titular afirma que os profissionais não foram afastados e ainda estão trabalhando pela Sesau. A previsão é que a investigação seja finalizada no prazo de três meses. A Folha entrou em contato com a Coopebras, porém não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Vice-governador não é alvo desta investigação, diz polícia

Sobre o rumor de que o vice-governador Frutuoso Lins (PTC) seria um dos alvos da operação, a delegada frisou que a operação se resume aos médicos e não há entes políticos envolvidos. “O vice-governador não é alvo desta investigação”, completou o titular da Sesp, Olivan Júnior.

A assessoria de imprensa do vice-governador de Roraima ressaltou que Frutuoso é sócio majoritário da Clínica de Assistência Médica à Mulher (Cliam), que além de atendimentos médicos aluga salas para profissionais de saúde realizarem atendimentos. 

“Um desses profissionais de saúde recebeu mandado de busca e apreensão para disponibilização de materiais para investigação, que foi oferecido sem restrições na clínica”, completou a nota. (P.C.)

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