A primeira imagem que a maioria dos estrangeiros tem das favelas do Rio de Janeiro é que esses espaços urbanos são lugares perigosos. A grande mídia corrobora esse pensamento ao divulgar apenas a parte decadente, criminosa e dominada pelo conflito entre os grupos de traficantes e a polícia.
Mas é justamente de dentro da favela que tem surgido uma belíssima e lucrativa iniciativa para mudar esse cenário: empreendedores jovens de grandes comunidades, como a Rocinha, estão tentando transmitir aos turistas uma nova visão das favelas brasileiras. E isso é possível usando as redes sociais.
O turismo nas favelas brasileiras é um fenômeno antigo
No início dos anos 90 era muito comum que diversos turistas, tanto estrangeiros como nacionais, invadissem as favelas e a privacidade de seus habitantes. Andavam montados em jipes, com câmeras fotográficas caríssimas, com as quais tiravam foto de tudo e de todos.
O problema é que os moradores ficavam em uma posição de meros observadores, como se fossem animais em um “safari urbano”. Não se beneficiavam de nenhuma forma desse tipo de turismo, portanto.
Outro problema é que as empresas de turismo de fora da favela, aquelas mais tradicionais, caracterizavam e ainda caracterizam as comunidades como espaços violentos e criminosos.
Ou seja: até o momento, favela é sinônimo apenas de morte, doenças, pobreza e miséria. A iniciativa de usar as redes sociais para transformar essa visão nasce da ideia de enaltecer as partes positivas das favelas e de seus moradores.
É uma ideia genial, visto que todos os turistas estrangeiros têm acesso a essas redes, sendo elas ferramentas usuais para encontrarem destinos de viagem.
As redes sociais e o orgulho
As redes sociais hoje possuem um grande poder de marketing e de convencimento. Não é à toa que muitos negócios, dos mais diversos segmentos, se sustentam na divulgação de seus trabalhos nas redes sociais. Conseguir engajamento no Facebook, evitar comprar curtidas brasileiras no Instagram
ou obter mais visualizações no YouTube passou a fazer parte do dia-a-dia dos empreendedores.
O movimento que nasceu recentemente nas favelas cariocas busca seguir esse fluxo de sucesso. Moradores dessas comunidades estão tentando atrair turistas por meio de contas reais nessas redes sociais.
É uma tentativa inteligente de evitar que se construa uma relação de turismo safari entre os estrangeiros e os moradores das favelas.
Dessa forma, acreditam esses empreendedores, é possível, sim, criar a ideia do “turismo de realidade”, nascido nos anos 90 no Rio de Janeiro, porém sem deixar de beneficiar os moradores das comunidades.
Colocando a ideia em prática
As redes sociais permitem um engajamento enorme e imediato entre as pessoas. O que as diversas contas que oferecem tours pelas favelas do Rio estão fazendo é justamente isso: entrar em contato direto com possíveis turistas e oferecer passeios pelas comunidades.
Mas há algo mais importante do que ganhar dinheiro por meio desse tipo de turismo. Para os empreendedores das favelas cariocas o que mais importa é partilharem suas histórias de vida com as pessoas.
É nessa relação virtual e presencial entre as comunidades e os estrangeiros que aquela imagem de lugar degradante, perigoso e marginalizado começa a se transformar em um horizonte mais bonito e colorido.