A empresa estadunidense
Royal CBD , com sede em Anaheim, na Califórnia, foi uma das poucas que receberam com entusiasmo uma pesquisa publicada há quatro mês pelo banco de investimentos Cowen & Co., de Nova York.
O negócio, que vende
ursinhos de goma de CBD
(canabidiol, uma das substâncias presentes na cannabis sem efeito psicoativo) e óleos terapêuticos, está entre os que devem compartilhar um mercado de US$ 16 bilhões (R$ 63,1 bilhões, na cotação de agosto) até 2025, segundo o estudo.
Em 2018, o mercado de canabidiol no mundo ficou entre US$ 600 milhões (R$ 2,3 milhões) e US$ 2 bi (R$ 7,8 bi), segundo o banco.
Há ainda grandes surpresas: além do uso terapêutico — o CBD é comprovadamente eficaz no tratamento de dores crônicas, por exemplo — a mesma pesquisa mostrou que, entre os 2,5 mil entrevistados, 7% usavam o canabidiol como um suplemento alimentar.
Apesar do CBD ser tecnicamente legal nos Estados Unidos desde que a nova versão da chamada Farm Bill foi aprovada no Congresso do país, em dezembro passado, a economia da maconha legalizada ainda é fragmentada em território estadunidense por causa da ilegalidade do uso recreativo da planta a nível federal.
Atualmente, 33 estados, além de Washington, têm mercados médicos de substâncias da cannabis em pleno funcionamento, enquanto outros dez estados (também incluindo a capital) permitem o uso recreativo.
A BBC publicou uma reportagem em fevereiro afirmando que, no Reino Unido, cerca de 250 mil pessoas recorrem regularmente ao CBD para aliviar a ansiedade, problemas de sono ou tratar dores crônicas.
No Brasil, o uso da substância é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2015, quando o órgão ainda concedeu a autorização para que um fabricante produzisse o primeiro remédio à base de cannabis no país: o Mevatyl, indicado para tratamento de espasticidade. Segundo especialistas, o CBD também é comumente receitado no Brasil para pessoas com epilepsias graves. Pelas leis, os consumidores que quiserem comprar produtos feitos com canabidiol precisam pedir autorização da Anvisa.
De 2015 até maio deste ano, 6,5 mil pessoas se registraram na agência para receber a autorização de compra de produtos relacionados a CBD. Só em 2019 foram 1,4 mil novas solicitações.
Nos EUA, no entanto, o canabidiol ainda não foi aprovado pela agência responsável pela regulação da produção farmacológica e alimentícia, a Food and Drug Administration (FDA), apesar da pressão de empresas que se centralizam em torno do argumento médico da substância — o que a entidade reprime. Alguns estados seguem o exemplo da FDA: o Departamento de Saúde de Nova York proibiu restaurantes e bares de vender produtos relacionados ao CBD no mês passado sob a afirmação de que a substância não é “segura como um aditivo alimentar”.
Segundo os dados da Cowen & Co., cerca de 7% das pessoas usam canabidiol nos Estados Unidos — seja como óleo, como droga para dores ou como suplemento alimentar. A taxa de uso da substância é maior entre os jovens: 9% dos entrevistados tinham menos de 35 anos, enquanto 6,4% estavam na faixa etária entre 45 e 55 anos.