Pesquisa mundial inédita, divulgada hoje (6) no 25º Congresso Brasileiro de Reumatologia, no Rio de Janeiro, evidencia os impactos causados na vida pessoal de pacientes com artrite reumatoide (AR).
A sondagem online foi feita com mais de 9.800 pessoas e dividida em duasetapas, captando respostas de pacientes maiores de 18 anos e de profissionais da saúde sobre questões do impacto da AR nas áreas de trabalho, relacionamentos, atividades e aspirações.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a artrite reumatoide acomete adultos, atingindo uma em cada 100 pessoas.
Em entrevista, a médica reumatologista Rina Dalva Neubarth Giorgi, membro da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia, revelou que a maioria dos entrevistados no Brasil foi do sexo feminino “porque a AR é uma doença mais predominante na mulher.
Em torno de três mulheres para cada um homem são atingidas pela doença. A maior parte das mulheres que participaram da pesquisa tinha entre 5 a 15 anos da doença. “Ou seja, já com a doença impactando de alguma maneira o seu dia a dia”, disse.
Em relação à atividade física, mais de 30% disseram não ter vontade de fazer exercícios físicos (Foto: Divulgação)
Exercícios
De acordo com a pesquisa, 64% dos pacientes com AR comentaram os impactos da doença em suas relações íntimas, na sua vida sexual.
Em relação à atividade física, mais de 30% disseram não ter vontade de fazer exercícios físicos, por conta das dores que sentem. E 56% dos consultados sentem-se frustrados ou insatisfeitos quando não conseguem realizar ou completar atividades por causa da doença.
Rina Dalva informou que, uma vez a doença instalada e após o médico tirar o processo inflamatório, a indicação é que o paciente faça exercícios aeróbicos e de condicionamento físico para melhorar a questão cardiovascular, que é muito afetada.
Em termos de aspirações, a pesquisa revelou acomodação em relação à doença para grande parte dos entrevistados: 64% responderam que a AR dificulta sua vida, mas eles aceitam a doença.
“A grande maioria dos pacientes adere aos tratamentos, faz tudo direitinho, compartilha as necessidades conosco, profissionais de saúde, mas você sente que o indivíduo não se considera mais o mesmo, a partir do diagnóstico da doença. Eles se sentem impedidos em alguma situação, dentro desses domínios que foram vistos na pesquisa”, afirmou a médica.
Sem força nas mãos
O que mais impacta os pacientes com AR é justamente utilizar as mãos (Foto: Divulgação)
A sondagem mostra que o que mais impacta os pacientes com AR, tanto nas atividades diárias de trabalho como nas atividades domésticas, é justamente utilizar as mãos.
“Porque por mais que melhore o processo inflamatório do acometimento, você sempre fica com uma certa diminuição da força de pressão na sua mão. Mais da metade reclama e foca nas mãos essa sensação de que não tem nunca uma vida normal”, explica a médica. Nove por cento dos entrevistados disseram que gostariam de sentir que podem viver da mesma maneira que as pessoas sem artrite reumatoide.
Nas relações interpessoais no trabalho, apesar de a maioria dos colegas demonstrar apoio ao amigo na doença, muitos se afastam.
“Apesar de muitas pessoas compreenderem a doença daquele amigo, a gente vê eles não entendendo muito”.
Ou seja, mesmo com os tratamentos modernos disponíveis, que deixam o paciente sem que a doença progrida ou tenha sinais de deformidade nas articulações, muitos colegas não entendem que um professor, por exemplo, sente cansaço nos braços e fadiga ou dificuldade de subir e descer escadas.
“As pessoas do trabalho até sabem que ele tem AR, mas não compreendem ao certo o que se passa com aquela pessoa em relação à sua doença”, explicou.
Fonte: Agência Brasil