O número de pessoas consideradas pobres em avaliações que usam indicadores do Banco Mundial e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que cerca de 167 mil pessoas, em Roraima, vivem com uma renda abaixo de R$ 406 por mês, o que equivale a 35% de 465,3 mil habitantes, em última pesquisa do ano passado.
Os dados apontam aumento de 22 mil pessoas que vivem na situação de pobreza em comparação ao ano de 2016, quando havia 145 mil pessoas. O aumento coloca o estado de Roraima em 14º lugar no ranking das regiões com proporções de pessoas que vivem com renda abaixo de um salário mínimo, com porcentagens calculadas levando em consideração o número de habitantes da região. O primeiro lugar é ocupado pelo estado do Maranhão, com cerca de 54,1%, seguido do Amazonas, com 47,9%, e do Acre, com 47,7%.
Conforme explicado pelo Supervisor de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE, Liezer Pino, quase 55 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha de pobreza. “Um quarto da população é considerada pobre. Para Roraima, embora os números sejam considerados altos, o estado continua a ser o segundo menos pobre se comparado aos da região Norte e Nordeste. O rendimento médio do Roraimense é de R$ 2.236”, explicou.
O economista Fábio Martinez avaliou os números que apontam o aumento da situação de pobreza da população em Roraima e disse que apesar da renda média elevada, se comparado aos outros estados do Norte, a maioria dos muitos pobres, segundo os dados do censo demográfico, são os indígenas.
“É uma peculiaridade da nossa região e influencia no índice que mede a pobreza em Roraima. O aumento da população pobre também tem relação com a entrada de pessoas sem renda e que se enquadram dentro das linhas de pobreza ou extrema pobreza”.
Sociólogos explicam as razões para o aumento da pobreza
O sociólogo Paulo Racoski disse que o aumento no número de pessoas pobres em Roraima é por conta de questões estruturais da sociedade e não um fato isolado por conta da chegada de imigrantes ao país.
“A pobreza é por conta da construção da sociedade. Roraima recebeu muitas pessoas de baixa renda, baixa escolaridade e pouca qualificação profissional entre as décadas de 60 e 90, que esperavam amparo do governo”.
Para Paulo, houve demora para que os índices de pobrezas fossem de fatos revelados nas pesquisas.
“As pessoas saíram dos campos e vieram para a capital. Ocorreu um fluxo migratório dentro do próprio estado, que somado ao corte de bolsas fornecidas pelo governo federal e governo do estado, refletiu no aumento da pobreza. Foram poucas as pessoas que saíram das camadas sociais mais baixas, tiveram acesso à educação e conseguiram um emprego; porque não há vaga para todos”, explicou.
A socióloga Frances Rodrigues também ressaltou que a pobreza é em decorrência da desigualdade social no Brasil e não um fenômeno isolado de Roraima.
“Existe concentração de grande parte da riqueza na mão de poucos e uma parcela da população sem acesso ao mínimo do que consideramos básico para viver. O aumento da pobreza se agravará porque é um problema endêmico e estrutural em nosso país desde o período da colonização. Os problemas que vieram à tona com a imigração já existiam e ganharam maior proporção por conta da falta de compromisso político”, concluiu.