O presidente da Associação dos Delegados de Roraima, Cristiano Camapum, procurou a Folha para contestar as informações prestadas pelo Sindicato dos Policiais Civis em reportagem da Folha, pois, segundo ele, esse sindicato não representa a categoria dos delegados e não deveria se manifestar sobre eles.
“O sindicato dos policiais não representa os delegados e, por terem interesses diversos, passam informações incorretas sobre nossa categoria. Os representantes dos delegados também querem ser ouvidos, pois o Delegado-Geral, doutor Herbert, representa a administração da Polícia e o Estado, e também não pode falar pelos delegados, muitas vezes pelos interesses conflitantes nos assuntos”, afirmou.
Camapum afirma que os valores com que os delegados se aposentam ou vão aposentar são diferentes dos divulgados pelo sindicato na reportagem. “Parte dos aposentados e dos que vão se aposentar sequer está na última classe, e por isso não recebe os valores da última classe da carreira. Nossa aposentadoria, inclusive, é bem menor em valores que as demais carreiras jurídicas do Estado, tais como procuradores, defensores, promotores e juízes, carreiras com atribuições e responsabilidades semelhantes às de delegados”, explicou.
Outro ponto destacado pelo delegado é que é preciso deixar claro que a aposentadoria desses servidores não é um privilégio.
“Os delegados e policiais que aposentaram ou estão aposentando cumpriram vários anos na iniciativa privada e no serviço público, alguns já como policiais, durante anos, já vinham contribuindo para a Previdência, e por isso têm direito. Alguns pagavam contribuições até maiores de que quando entraram na Polícia”, disse.
Já em relação à cessão de delegados, Cristiano disse que o problema da defasagem dos policiais civis não está atrelada a cessão de servidores, mas por conta da falta de realização de concursos públicos na Polícia Civil.
“Administrações anteriores demoraram a reconhecer os direitos dos policiais, principalmente a estruturação das carreiras e a ascensão profissional dos servidores. Ficamos anos sem as devidas promoções e, sem elas, não foi possível realizar, na época, as devidas e necessárias promoções de ingresso de novos policiais, pois sem ascender profissionalmente os policiais , não era possível abrir as novas vagas. As estruturações e promoções até hoje são parciais. Dezenas de policiais ainda esperam por promoções vencidas e dezenas de delegados esperam ainda ser promovidos”, afirmou.
Camapum citou ainda a falta de reestruturação da carreira de delegado, no Estado, em relação às demais carreiras jurídicas.
“O abismo com as carreiras semelhantes, do Estado, é enorme. Durante estes anos a Polícia Civil perdeu excelentes profissionais, delegados que passaram em outros concursos para a Procuradoria, Defensoria, Polícia Federal e outros órgãos”, disse. “O Estado gastou capacitando e preparando os profissionais para serem policiais e os perdeu, ou seja, todo o investimento jogado fora por não reestruturar a carreira dos delegados assim com as demais carreiras jurídicas do Estado.”
Ele ressaltou que os delegados cumpriram seu papel com mais de 15 anos sem fazer paralisação. “Nunca fizemos greves. Pelo contrário, sempre apoiamos o Estado e a população nas crises de Segurança Pública. Recentemente ficamos mais de três meses sem salários e aguentamos firmes”, lembra. (R.R)