Cotidiano

Operação Acolhida estima que 300 imigrantes vivam nas ruas de BV

Outras 2.200 pessoas se encontram em ocupações espontâneas, prédios desativados e casas abandonadas

O número oficial de imigrantes que estão vivendo nas ruas de Boa Vista ainda é uma incógnita para os órgãos que dão assistência ou trabalham com estrangeiros vivendo em situação de rua, como a Prefeitura de Boa Vista e a Operação Acolhida, comandada pelo Exército Brasileiro e responsável pelo abrigamento dos venezuelanos no Estado.

A Prefeitura de Boa Vista chegou a divulgar que a Agência da ONU para refugiados (Acnur) havia feito estimativa de que cerca de 53,5 mil imigrantes vivam em Boa Vista, mas a informação foi negada pela Acnur, que disse nunca ter feito ou divulgado nenhuma estimativa nesse sentido. Ao ser procurada novamente pela Folha, a prefeitura não mais atendeu a reportagem.

Ao jornal, o tenente coronel Castro, assessor de comunicação da Operação Acolhida, disse que a Operação estima que apenas 300 pessoas estejam em situação de rua em Boa Vista. Informou que outras 2,2 mil pessoas se encontram em ocupações espontâneas, prédios desativados e casas abandonadas. Para justificar estes números, o coronel disse que equipes percorrem as ruas à noite e encontram estas pessoas. 

“Nossa estimativa é de que 2,2 mil pessoas estejam nestas diversas ocupações espontâneas e mais 300 pessoas, aproximadamente, que ainda estão nas ruas”, disse.

Dos imigrantes que estão abrigados, tanto em Pacaraima quanto em Boa Vista, ele informou que são 11 abrigos em Boa Vista e dois em Pacaraima que juntos atendem a cerca de 6,8 mil imigrantes, sendo aproximadamente 5,9 mil em Boa Vista e 900 em Pacaraima. 

Ele explica que na cidade fronteiriça são aproximadamente 400 indígenas abrigados e mais 500 imigrantes que estão no alojamento de passagem, porém há um atendimento específico para os não abrigados. 

“Estes 500 imigrantes estão instalados lá, que são os que não têm família, mulheres e homens sozinhos”, disse. “Fizemos uma ação para tirar os venezuelanos das ruas de Pacaraima e disponibilizamos mais 700 leitos neste alojamento de passagens, que servem para as pessoas passar o pernoite neste local. Lá não são oferecidas refeições”, disse.

Já em Boa Vista, há cerca de 1 mil imigrantes que pernoitam no entorno do Terminal Rodoviário de Passageiros ou ficam nas barracas do posto de recepção e apoio da Operação Acolhida. Castro informou que lá são oferecidas três refeições diárias, que são disponibilizadas por Ongs. 

“É diferente de um abrigo, que tem toda estrutura fixa e pela manhã, depois de acordar, as barracas são recolhidas e devolvidas e disponibilizado o guarda volumes para que eles deixem seus pertences e saiam para procurar emprego”, disse. (R.R)

MIGRAÇÃO VENEZUELANA

Vereadores cogitam fechar Câmara para pedir socorro em Brasília

A discussão sobre o requerimento deve ocorrer no dia 2 de setembro, próxima segunda-feira, em sessão extraordinária na Câmara de Vereadores (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

O presidente da Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV), vereador Mauricélio Fernandes (MBD), deve convocar para a próxima semana uma sessão extraordinária para debater a possibilidade de fechar o legislativo como forma de protesto e para que os vereadores possam articular uma discussão junto às autoridades federais buscando solução para a crise migratória em Roraima.

O requerimento Nº 057/2019 é de autoria do vereador Renato Queiroz (MDB), com assinatura de todos os vereadores. O parlamentar requer a criação da chamada “Operação Grito de Socorro” no âmbito do poder legislativo municipal. “Por esse sentimento de urgência inadiável, desafiei hoje todos os 20 colegas parlamentares a irem para Brasília, para pressionar o Governo Federal a tomar ações afetivas que promovam a verdadeira assistência social e humanitária que Roraima está precisando. O desespero é tamanho que propus fecharmos as portas institucionais do parlamento, e que por nossas próprias custas nos deslocássemos para a Capital Federal em busca de posicionamentos” disse o vereador.

O assunto deve ser colocado em discussão na próxima segunda-feira, dia 2 de setembro. A Folha entrou em contato com a assessoria da CMBV para saber mais detalhes das ações, mas não obteve retorno.