Os agentes que trabalham sob o regime de plantão no Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho (CSE) estão há quase um mês sem receber a alimentação. Eles perderam o direito ao benéfico depois que entraram em um acordo com representantes do Governo do Estado, para alterar o horário da escala de trabalho.
A mudança ocorreu no mês de julho deste ano, durante uma reunião entre a Secretaria Estadual de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) e representantes da categoria.
Um dos agentes, que preferiu não se identificar, procurou a Folha e disse que o acordo feito entre os representantes do Governo Estadual e o sindicato, era de que os servidores do CSE abririam mão da alimentação e, em contrapartida, poderiam ter um tempo maior de descanso entre um plantão e outro.
“Conforme a proposta, deixaríamos de tirar os plantões de 12 por 32 horas e passaríamos para uma escala de trabalho de 12 por 70 horas. Com isso, arcaríamos com as despesas da alimentação em troca de um descanso maior. Para a nossa surpresa, a alimentação foi retirada e, mesmo assim, continuamos trabalhando com a escala anterior imposta pela direção da unidade”, relatou.
O servidor disse que a categoria foi enganada, já que continuam trabalhando com a mesma quantidade de plantões, agora tendo que gastar com a alimentação, que segundo ele é um direito garantido por lei aos agentes socioeducativos.
“Se soubéssemos desse gasto excessivo com nossa alimentação, não teríamos assumido esse acordo. Hoje, muitos agentes sentem dificuldades para arcar com a alimentação devido ao número de plantões. O que está acontecendo é que, quando sobram marmitas destinadas aos internos, elas são reaproveitadas por alguns servidores que não têm nenhuma condição de custear a própria alimentação”, comentou.
A cozinha que existe na unidade não possui as condições adequadas para que os agentes possam fazer a sua própria comida. A denúncia é de que existe baratas no local, falta gás para o fogão e um local adequado para armazenamento de alimentos.
“Até agora, estamos esperando que a diretoria do CSE faça a sua parte para nos fornecer pelo menos um local que possa facilitar a produção da nossa comida quando estivermos de plantão”, denunciou.
OUTRAS RECLAMAÇÕES – A insalubridade do CSE é outra reclamação, o que tem contribuído com o aumento no número de doenças entre os agentes que trabalham na unidade socioeducativa.
“O ambiente é muito insalubre, tanto é que existem casos de servidores que adquiriram infecções e viroses. Alguns estão de licença médica, o que prejudicou ainda mais aqueles que permanecem trabalhando.”
Atualmente, a unidade socioeducativa possui 60 agentes, que trabalham em regime de plantão. Os agentes dizem se sentir prejudicados pela falta de alojamento, o que causa desconforto para todos aqueles que precisam de um momento de descanso.
“Tirar plantão, sem um local para descanso, não tem sido fácil. Muitos colegas têm se queixado sobre esse problema. Já pedimos por diversas vezes a direção do CSE que tomasse uma providência para que pudéssemos ter um mínimo de conforto na hora do descanso”, desabafou.
A Folha entrou em contato com o Governo do Estado que informou, por meio da Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social), que em razão do processo de reestruturação a nova gestão do Centro Socioeducativo está garantindo a refeição dos internos normalmente e posteriormente será reestruturada a cozinha para que todas as refeições sejam produzidas na própria unidade.