Cotidiano

Defesa Civil avalia que chuvas não irão amenizar prejuízos da estiagem

Conforme a Defesa Civil, quantidade de água que cairá no inverno a partir de maio será insuficiente para reparar perdas

A situação das áreas atingidas pela forte estiagem que assola vários municípios do Estado, há vários meses, continua preocupando as autoridades que trabalham no controle de queimadas e abastecimento de água nos locais afetados. Mesmo com a aproximação do inverno, com a chegada do período chuvoso, a Defesa Civil estima que a quantidade de água para a época do ano não deverá ser suficiente para amenizar os prejuízos causados pela estiagem.
“Nós esperamos que a chuva comece a cair só a partir da segunda semana de maio. Infelizmente, até lá, o prejuízo ainda será grande para a população dos oitos municípios que passam dificuldades com a falta d’água”, disse o secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira.
Conforme ele, os municípios de Amajari, Alto Alegre, Iracema, Mucajaí, Cantá, Caracaraí, Bonfim e Normandia, que decretaram situação de emergência devido à estiagem, estão em estado crítico. “Em Amajari, por exemplo, não tem água suficiente para atender à população, que está sendo abastecida com a ajuda de caminhões pipa. A situação é precária”, afirmou.
Para tentar minimizar os problemas, principalmente em propriedades rurais, onde vários animais estão morrendo com a seca dos pastos, o coronel explicou que o órgão está trabalhando, em conjunto com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a criação de vários poços de armazenamento de água. “O trabalho dos cacimbões está sendo feito e as famílias estão recebendo água. Estamos acompanhando e vamos fiscalizar se esses adutores estão sendo feitos para quem necessita e se a propriedade tem condições de receber”, disse.
Segundo o coronel, a estimativa é que cada município que decretou estado de emergência receba, pelo menos, 660 bebedouros. “Sabemos que isso não atende à demanda, mas o Estado está fazendo o possível para aliviar a situação. Como nem todos os produtores precisam, a gente atende aqueles que realmente necessitam dos poços”, salientou.
De acordo com Ferreira, o custo com a escavação dos cacimbões, somente com maquinários, entre escavadeiras e retroescavadeiras, que fazem a abertura dos buracos nas propriedades, gira em torno de R$ 5 milhões. “Fizemos a estimativa de 50 dias de trabalho. Ao todo, serão incansáveis duas mil horas para a criação dos poços, todos os dias da semana, tudo para tentar minimizar os prejuízos”, destacou.

Calendário de queimadas fez aumentar focos de incêndios
Conforme o secretário executivo da Defesa Civil, coronel Cleudiomar Ferreira, com o início do calendário de queimada controlada nos municípios do interior, os focos de incêndios quase que triplicaram, somente neste mês, em comparação com os meses anteriores. “Aumentaram porque o inverno está se aproximando e o calendário de queimadas está sendo cumprido. Em Iracema, por exemplo, os produtores estão com as queimadas autorizadas. Quando os órgãos de fiscalização autorizam, eles têm um prazo para fazer as queimadas. E isso passou a acontecer tanto lá, quanto em Mucajaí e Alto Alegre”, explicou.
Apesar do aumento dos focos, o secretário disse que os incêndios espalhados em larga escala estão sendo combatidos com tranquilidade. “Durante toda a estiagem, o que não houve foi incêndio sem controle. Da última semana para cá, detectamos mais de 200 focos de calor, mas todos sob controle”, disse.
Apesar disso, o coronel explicou que o clima seco nas áreas rurais fez com que muitos produtores tivessem prejuízos econômicos com as perdas de produção. “Quando se perde, por exemplo, uma roça com 180 hectares de banana, esse produtor tem perda de pelo menos R$1,5 milhão. Foi o que aconteceu com muitas destas áreas afetadas”, frisou.
Além das perdas na economia, Ferreira explicou que as áreas de preservação ambiental, que foram destruídas com os incêndios decorrentes do forte calor, foram completamente devastadas e serão irrecuperáveis. “As perdas nas áreas de preservação ambiental são incalculáveis. Existem vários hectares de floresta destruídos que o homem não vai conseguir recuperar. Como vou calcular quanto vou gastar para recuperar uma área devastada? Não tem como, uma floresta devastada gera um prejuízo muito grande”, lamentou. (L.G.C)