RODRIGO SANTANA
Editoria de cidades
Três pessoas foram presas e seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã desta quinta-feira, 19, em uma ação integrada da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (DRCAP), a Divisão Especial de Combate à Corrupção (DECOR) e a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP).
A Operação Pharmakon investiga desvio de medicamentos do Hospital Geral de Roraima (HGR).
A polícia divulgou apenas as iniciais dos nomes dos envolvidos, são eles: o auxiliar de serviços de saúde, F.G.M.S., o auxiliar de enfermagem M.A.S.F., e o técnico em enfermagem E.S.S. O delegado da DRCAP, João Evangelista, informou durante coletiva à imprensa que as investigações começaram em junho, quando foram encontrados medicamentos de uso exclusivo do centro cirúrgico do HGR no carro de uma servidora do hospital.
“Os medicamentos foram encontrados no carro da servidora, após um acidente de trânsito no qual se envolveu, por pessoas do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]. Entre os remédios encontrados estavam frascos de anestésicos usados em cirurgias”, lembrou.
Diante desse fato, a Secretaria Estadual de Saúde (SESAU) registrou uma ocorrência por conta de irregularidades no setor de farmácia do HGR. Foram realizadas buscas em dois setores do HGR, na sede da Rede Cidadania (unidade Cuidador de Idoso) no bairro Caranã e mais três endereços residenciais de servidores públicos da saúde.
“Foram quase três meses de investigações até que a polícia chegou aos servidores acusados do roubo de medicamentos. Eles tiveram a prisão temporária, por 30 dias, decretada. Foram encaminhados ao Sistema Prisional e devem responder pelo crime de peculato”, explicou.
Segundo o delgado, um dos servidores foi preso em casa, onde foram encontrados frascos de medicamentos do centro cirúrgico. Ele foi autuado em flagrante pelo crime de tráfico de drogas, devido às características dos medicamentos apreendidos.
“Estamos apurando ainda a quantidade de medicamentos que foram subtraídos pelos servidores. Os desvios desses insumos aumentaram nos últimos cinco meses, o que já vinha chamando a atenção do setor dentro do hospital”, disse.
Ele destacou ainda que com a operação permitiu entender como os acusados agiam para a prática do crime. Segundo ele, o trabalho terá continuidade e poderá apontar outros envolvidos.
“Foram apreendidos documentos e telefones celulares dos suspeitos. Todos eles serão submetidos à perícia para análise dos documentos e dos dados a serem extraídos dos telefones. Vamos verificar se existe mais gente envolvida na subtração desses medicamentos.”, esclareceu.
Furtos eram praticados desde janeiro, diz polícia
Uma coletiva à imprensa ocorreu na manhã desta quinta-feira, 19, para falar sobre a operação (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)
O delegado João Evangelista disse que ainda não foram contabilizados os prejuízos financeiros causados ao erário público com o desvio dos medicamentos. Entretanto, destacou que as investigações apontaram que os suspeitos vinham praticando os furtos de medicamentos desde o mês de janeiro deste ano.
“Identificamos que eram desviados uma média de 20 frascos de medicamentos prescritos, por quatro vezes na semana. Estamos fazendo esse levantamento, mas de janeiro até agora nos permite perceber que foi um volume muito grande de medicamentos furtados”, destacou.
O secretário de Segurança Pública Olivan Júnior destacou que mais grave que os prejuízos financeiros causados ao erário público, são os prejuízos causados aos cidadãos que precisam fazer uso dos medicamentos desviados do Hospital.
“São prejuízos incalculáveis. Pessoas em estado grave, precisando do medicamento, principalmente o de alto poder anestésico, usado para cirurgias. O sistema de Segurança Pública está unido para combater a corrupção”, assegurou.
SINDICATO DE ENFERMAGEM – A Folha entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem, para saber posicionamento sobre as prisões dos servidores da saúde, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.