A presença de animais nas rodovias federais de Roraima tem causado acidentes e preocupado condutores e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Este ano já foram registrados quatro acidentes e um deles resultou em uma morte, segundo informou a PRF. Embora em menor número que ano passado, quando foram registrados nove acidentes e uma morte, as ocorrências preocupam os agentes.
Um dos sinistros deste ano aconteceu na madrugada de ontem entre a Vila Colina e a sede do município de Rorainópolis, no sul do Estado, BR-174, com um ônibus que fazia a rota Manaus/Boa Vista e caiu numa ribanceira após colidir com dois cavalos que estavam soltos na estrada. Os passageiros sofreram escoriações e o motorista ficou em estado mais grave.
À Folha, o PRF Rodolfo Silva informou que a Polícia Rodoviária Federal está sempre alerta e faz um trabalho de retirada de animais nas estradas que cortam o estado.
“A malha viária federal no estado é de quase 2 mil quilômetros e fazemos vigilância em toda extensão, mas não tem como estar em todos os lugares”, disse.
“Quando tem um local que acontece esse tipo de acidente procuramos conversar com os proprietários das fazendas próximas, orientando para que tenham mais cuidado com as cercas e com os bichos, e isso ajuda bastante”, disse.
Entre os locais onde esse tipo de acidente é mais frequente, Rodolfo citou a BR-401 como a principal, além da BR-432 além das estradas nas proximidades de Boa Vista.
Ele explica que as ações não se resumem apenas quando acontecem acidentes, mas também de prevenção. “Os usuários ligam e nos informam que há animais na pista ou próximo delas, e vamos até esse local para fazer orientação aos condutores, tentar localizar os donos e fazer a retirada deles. Quando não localizamos os proprietários pedimos o apoio das prefeituras próximas para fazer o recolhimento”, disse.
O fato de deixar animais soltos em rodovias, segundo Rodolfo, está na lista de contradições penais e, caso venha causar acidentes, o dono pode pegar até dois anos de detenção.
“Infelizmente ainda é um crime de menor potencial ofensivo e consta apenas como contravenção penal, gerando um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), onde o proprietário vai responder a um processo criminal, podendo pegar até dois anos de prisão”, disse. “Assim como o proprietário do animal que causar um acidente pode ser responsabilizado e obrigado a pagar os danos materiais, mas isso depende do poder judiciário”, afirmou. “Mas geralmente, quando ocorre um acidente, ninguém aparece para assumir que o animal lhe pertence e muitas vezes o animal não é identificado (marcado). E em outros casos, o condutor do veículo também não vai atrás para saber. Nestes casos comunicamos à polícia judiciária, que faz a investigação”, disse.
Na maioria das situações, os animais envolvidos são de grande porte, como bois e cavalos, mas foram registrados casos de acidentes com antas e capivaras. No entanto, a PRF não soube especificar os tipos nos acidentes, uma vez que os dados são coletados de forma única, sem distinção de animal.
Rodolfo informou que a Polícia Rodoviária possui, em alguns estados do Brasil, um carro para o serviço de remoção, que funciona por meio de convênios com as prefeituras. “Mas aqui, em Roraima, não há esse serviço ainda. Mas entramos em contato com as prefeituras onde acontecem os acidentes e pedimos que faça a remoção dos animais, que no momento do acidente já tiramos da pista para que não causem novos sinistros, e fazemos isso puxando com a viatura e colocamos fora da rodovia”, disse. (R.R)