Cotidiano

Projeto da Universidade Federal chega a Cantá e Uiramutã este ano

Ações do projeto pioneiro no levantamento socioambiental dos igarapés de Boa Vista começam a ser levados para interior do Estado

Do cuidado da mata ciliar à preservação dos recursos hídricos. Essas são algumas das ações desenvolvidas pelo Projeto Hydros, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que chegam aos municípios de Cantá e Uiramutã neste ano. O objetivo será fazer um diagnóstico socioambiental.
O projeto era patrocinado pela Petrobras, que todos os anos apadrinha iniciativas de cunho ambiental em todo o País. “Esse projeto foi executado apenas aqui em Roraima. Foi uma ação que surgiu por meio de recurso de uma iniciativa nacional da Petrobras, que gerencia o programa Petrobras Ambiental. O nosso projeto foi selecionado em 2006 e nós recebemos um recurso de R$ 3.600 milhões, que resultou na construção do nosso prédio, na aquisição de equipamentos e dois carros. Ao todo, foram três anos e meio de trabalhos realizados”, contou o professor de Geologia da UFRR e coordenador-geral do Hydros, Vladimir de Souza.
Mesmo com o fim do patrocínio com a Petrobras, o projeto continua em plena atividade. Além de Boa Vista, o projeto começa a fazer visitas a outros municípios do interior. Para que isso ocorra, o grupo tem feito parcerias com as prefeituras de cada localidade para ajudar no suporte de hospedagem dos pesquisadores.
“Esse ano, o projeto será levando para o município do Cantá e Uiramutã. No ano passado, foi realizado nos municípios de Normandia e Alto Alegre. Em 2013, nós realizamos o mesmo trabalho em Pacaraima e Rorainópolis. Ou seja, nossa ideia é realizar os mesmos levantamentos em todo o Estado. Com esses estudos, tem se levantado muita informação, tem se levado conhecimento a esses municípios e cada vez mais a equipe que participa dessas ações se sente motivada a estudar toda a situação hídrica do Estado”, explicou o professor.
PROJETO – De acordo com ocoordenador-geral, o projeto possui três frentes de atuação: uma relacionada com a educação ambiental; a segunda, no ensino e na pesquisa; e a última, na oferta de cursos de extensão voltados para a comunidade. Inicialmente, os trabalhos foram feitos dentro da Capital e todo mapeamento socioambiental resultou na construção de um material com informações sobre os igarapés urbanos da Capital.
“Nós iniciamos esse estudo dentro da nossa realidade, pois não exista nenhum estudo nesse sentido aqui no Estado. Todo esse mapeamento socioambiental dos igarapés urbanos da Capital resultou na construção de um atlas dos igarapés. Esse material foi distribuído para as escolas do Estado e algumas instituições ligadas à proteção dos recursos hídricos. Esse projeto também resultou em um trabalho com mais de 20 escolas públicas, tanto de ensino fundamental quanto médio, e a participação de mais de 20 bolsistas da universidade, que trabalharam em várias frentes”, disse.
“Fora as atividades com as escolas junto à comunidade, nós desenvolvemos oficinas de geração e renda. Foram mais de 40 oficinas realizadas. Havia oficinas de manicure e pedicure com design, pintura em tecido, reciclagem de papel e plástico, confecção de artesanato com papelão. Então, eram várias atividades com entrega de certificados, tudo patrocinado na época pela Petrobras. Então, o projeto envolveu muita gente. E mesmo ele tendo acabado, o Hydros continua até hoje como referência no Estado”, completou.
RESULTADOS – Além da catalogação dos igarapés da Capital, o estudo mediu ainda o nível de esclarecimento da população referente ao assunto. No estudo, os pesquisadores constataram que em 90% das comunidades visitadas os moradores não tinham, sequer, conhecimento sobre legislação ambiental. Muitos deles desconheciam, inclusive, que moravam em áreas próximas a igarapés. Junto a essas comunidades, foram desenvolvidas atividades a fim de diminuir a desinformação presente nessas localidades e a importância da preservação ambiental.
“O projeto foi benéfico para todos. Para nós, foi de ajudar para melhorar o conhecimento que ainda não tínhamos sobre os igarapés do Estado. A partir desses projetos, nós passamos a conhecer melhor toda a peculiaridade local, a fazer o levantamento das condições desses lugares e foi gratificante repassar esse conhecimento para as outras pessoas. Ver crianças se interessarem pela preservação ambiental foi, sem dúvida, uma das recompensas de todo esse trabalho”, comentou a ex-bolsista do projeto, professora Vera Soares. (M.L)