Após as três explosões na empresa de distribuição de gás no bairro São Vicente, foi feito um isolamento nas ruas próximas ao local do acidente e algumas casas precisaram ser evacuadas, por conta do risco de novos estouros. Moradores do perímetro de 500 metros, saíram de suas casas às pressas, sem pegar quaisquer objetos, alguns inclusive deixando as portas abertas. O retorno foi liberado apenas por volta das 17h30.
A servidora pública Josiane Nunes, que trabalha há um ano em um órgão municipal que fica a poucos metros do local da explosão, disse que foram momentos de terror.
“Eu deixei tudo pra trás. Não peguei chave de carro, bolsa, celular. Deixei tudo. Fiquei muito nervosa e comecei a passar mal assim que ouvi as explosões, pois não sabia do que se tratava”, contou a servidora que sofre de pressão alta e precisou ser socorrida após o susto.
Josiane relatou o desespero dos servidores e desencontro de informações.
“Foi muito rápido. Uma explosão que ninguém sabia explicar de onde vinha. A princípio a gente achava que fosse o prédio desabando e depois pensamos que fosse um acidente e tinha quebrado um transformador. Nós olhamos para o posto [de combustíveis] e não era nada lá. Então alguém gritou que tinham sido os tubos de oxigênio e saímos correndo. Quando vimos já estava aquela fumaça. Teve um senhor que gritou pra sairmos de perto porque o gás era tóxico e podia explodir de novo. Eu fui pra mais longe correndo, mas algumas pessoas ficaram. Aí deu uma outra explosão que mexeu com os fios de energia e saíram faíscas. Foi aí que eu corri mais ainda, pra longe. Quando cheguei na rotatória perto do teatro, teve uma nova explosão”, lembrou.
Por volta das 11h15, o entorno do local do acidente foi liberado para a imprensa e familiares. Diversas ambulâncias e carros da Polícia Militar, se aglomeravam para atender as demandas do acidente que, conforme o Tenente Maxsuel Lopes, mobilizou cerca de 80 pessoas.
A todo o momento, familiares se reuniam para conseguir alguma informação, mas poucas eram concedidas. Alguns procuravam pelo pai, pelo irmão e cunhado. Até aquele momento, o incêndio ainda não tinha sido contido, o que ocorreu somente por volta das 13h.
As famílias receberam a recomendação da Secretária de Saúde (Sesau), para seguirem até a sede do Instituto Médico Legal (IML) para receberem informações e ajudarem na identificação das vítimas.
Moradores encontram corpos em quintal de residência
Pedaços de corpos de uma das vítimas da explosão que ocorreu nessa terça-feira (15), em uma empresa de gás, foram encontrados por moradores de uma residência localizada no bairro São Vicente. O Instituto Médico Legal foi acionado no final da tarde e fez a remoção.
De acordo com o morador da casa, que preferiu não se identificar, um dos seus sobrinhos encontrou uma perna inteira no quintal da residência, próximo ao portão, e um joelho estava em outra parte da casa, além de um pedaço de tronco em cima de uma árvore. As casas das proximidades estão sem energia elétrica desde o momento da explosão, por isso os moradores quase não viram os corpos.
“Com a explosão voaram tijolos e pedaços de construção que destruíram parte do telhado da casa. Quebrou muita coisa e começamos a avaliar os danos quando voltamos. Foi quando achamos essas partes de corpos. Foi uma cena horrível”, contou.
“O nosso muro fica pela parte de trás da empresa de gás. Essa tragédia poderia ser muito pior. Tinha pessoas na nossa casa; minha esposa e sogra estavam aqui e ouviram a explosão. Toda a casa tremeu. Foi um risco muito grande, danificou muita coisa na nossa moradia, mas o pior foi encontrar um pedaço do corpo de uma pessoa. Estamos traumatizados”, disse.
Incêndio não liberou fumaça tóxica, afirma Bombeiros
A fumaça expelida pelas explosões podia ser vista a quilômetros de distância (Foto: Reprodução/Video Divulgação)
A informação de que as explosões na empresa de gás teriam liberado uma fumaça tóxica foi refutada pelo Corpo de Bombeiros. Mesmo assim, quem aguardava informações de familiares próximo ao local do acidente e populares que estavam pelas imediações, passaram mal por conta da fumaça que era liberada nas explosões.
Por conta disso, foi estabelecido um perímetro de isolamento de 500 metros de distância do local do fato. Somente após o controle do incêndio, o local foi liberado, considerando que a fumaça deixou de ser emitida.
Solidariedade: População lota Hemoraima para doar sangue às vítimas
As pessoas foram se solidarizar com as vítimas doando sangue (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
A explosão na empresa de gás mobilizou a população de Boa Vista e a sala de espera do Hemoraima ficou pequena para o número de doadores que procuraram a instituição para colaborar após a tragédia que deixou dois feridos em unidades de saúde na capital.
A doadora Sijane Oliveira do Nascimento disse que assim que tomou conhecimento do acidente, compareceu para doar sangue.
“Soubemos que aconteceu a tragédia hoje e como já sou doadora há muito tempo tomei a posição de vir ajudar alguém que pode estar precisando desse sangue. Assim como eu, muitas outras pessoas também. Está bem movimentado esse hemocentro. Queremos ajudar quem está precisando, questão de consciência, né, porque tem pessoas realmente que precisam.”
Conforme Isaías Magalhães, chefe da coleta de sangue da unidade, 80 bolsas de sangue foram coletadas em menos de 3 horas.
“Essa quantidade de bolsas é um fato nunca registrado pela instituição”, completou.