Os garimpeiros começaram a montar barricadas de pneus e combustível no início da noite de ontem, quarta-feira, 6, para manterem a resistência e prometem não desobstruir a rodovia BR-174, que está interditada desde a última segunda-feira.
Nem mesmo as duas decisões da Justiça Federal, assinadas pelo juiz Igor Itapary Pinheiro, determinando o desbloqueio da rodovia, arrefeceu o movimento.
Ainda no primeiro dia de protestos, o magistrado determinou a imediata liberação da rodovia, inclusive dando a oportunidade para que os manifestantes desocupassem a área até as 21 horas do dia 4, sob pena de multa diária de R$ 20 mil a incidir individualmente contra cada um deles que descumprisse a ordem. Passado o prazo, o juiz autorizou que a Polícia Rodoviária Federal fizesse a identificação dos manifestantes, com anotação do RG ou outro documento, para efeito de aplicação da penalidade estabelecida, além de também autorizar o uso moderado da força respeitando a integridade física e moral dos integrantes do movimento.
Ainda nessa primeira decisão, Igor Itapary Pinheiro também havia determinado que, após a desocupação do trecho, os manifestantes estariam impedidos de realizar novos bloqueios neste ou em qualquer outro ponto da rodovia, sob pena de multa. Como a decisão não foi cumprida, no início da tarde dessa quarta-feira (6) o magistrado expediu outra decisão, dessa vez ordenando que a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal fizessem a imediata liberação do espaço, ficando facultativo aos superintendentes dessas duas instituições de segurança a reintegração e a solicitação de apoio da Polícia Militar de Roraima (PMRR) caso entendam necessário para o cumprimento da medida, além da participação de representantes do Conselho Tutelar e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Os garimpeiros ignoram a ordem da Justiça Federal e continuam com os protestos.
Em contato com o comandante da Polícia Militar, coronel Elias Santana, para saber se já havia sido comunicado da decisão liminar da Justiça, ele informou que ainda não houve solicitação da PRF ao Governo do Estado para a participação da PM na retirada dos manifestantes. “Estamos acompanhando essa manifestação desde quando começou e temos aparato em condições para uma eventual atuação”, afirmou.
A reportagem da Folha esteve ontem no início da noite no trecho interditado, e em conversa com um policial rodoviário federal foi informada que os manifestantes haviam liberado apenas veículos pequenos e motocicletas, a cada 10 minutos, durante uma hora.
PF e PRF – Sobre o cumprimento da decisão do juiz federal Igor Itapary Pinheiro, expedida na tarde dessa quarta-feira (6), nem a Polícia Federal e nem a Polícia Rodoviária Federal se posicionaram. Extra oficialmente a reportagem da Folha soube que os policiais aguardavam que os manifestantes se retirassem voluntariamente, mas como não atenderam a ordem judicial está sendo feita a identificação dos garimpeiros e os dados pessoais enviados para a AGU (Advocacia Geral da União), que tomará providências sobre a aplicação da multa diária no valor de R$ 20 mil, determinada pela Justiça Federal.