AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Os setores de alimentação e abastecimento de combustíveis na cidades foram alguns dos mais afetados pela manifestação dos garimpeiros. Em nota enviada à Folha, o Sindicato dos Postos de Combustíveis de Roraima (Sindipostos-RR) confirmou que alguns postos de Boa Vista já estavam sem gasolina por conta da proibição da circulação dos caminhões-tanque que transportam o combustível.
Os veículos que ficaram presos na rodovia eram responsáveis tanto pelo abastecimento dos postos de combustíveis como das usinas termoelétricas que abastecem o estado com energia elétrica.
O setor de supermercados também foi prejudicado com a continuidade da paralisação, como foi o caso de uma rede de supermercados da capital, cujos produtos perecíveis já estavam em processo de comprometimento por estarem parados na estrada.
“Um plano B para isso, aqui em Boa Vista, é meio complicado porque o acesso principal que a gente tem é a BR-174. Temos um estado que depende dessa rodovia e tentar fazer transporte via aérea é caríssimo”, explica Elias Soares, gerente geral da rede de supermercados.
CONSEQUÊNCIAS – O economista Fábio Martinez pontuou que o maior problema é que parte das mercadorias vem de fora do Estado, transportada por meio da rodovia federal.
“Quando a gente tem uma paralisação como essa, o nosso mercado fica desabastecido, de forma muito parecida como a que ocorreu na greve dos caminhoneiros em 2017. Se a manifestação se estendesse isso desencadearia no mercado roraimense uma enorme perda em outros setores, principalmente com a aproximação das datas comemorativas, como a Black Friday e o Natal, quando aumenta a demanda.”
Relembrando a greve dos caminhoneiros de 2017, Martinez pontua que além da falta de combustíveis e produtos alimentícios, as exportações seriam prejudicadas. “Estamos tendo um boom dessas exportações. Nosso principal item na balança de exportação é a soja e ela é escoada por meio dos portos do Amazonas. Essa paralisação prejudicou muita gente”, conclui o economista.
Empresas de ônibus interestaduais tiveram que lidar com prejuízo
O bloqueio da BR-174 atrasou o horário dos ônibus e em alguns casos nem a viagem foi feita (Foto: Aldenio Soares)
O fechamento da BR-174 também atingiu diretamente o setor de transporte interestadual. Desde o início da paralisação, os ônibus ficavam parados por muito tempo e acabavam chegando atrasados em seus destinos, provocando prejuízos aos passageiros. Em casos extremos, horários foram cancelados, o que causou prejuízo também para as empresas de transporte interestadual que operam no Estado.
Gerente de uma das agências, Jefferson Rocha relatou que a empresa enfrentou problemas durante esses quatro dias de paralisação, principalmente porque a rodovia era aberta somente em horários definidos pelos garimpeiros.
“A gente informava para os nossos clientes sobre o bloqueio, e recomendava aos que tinham pressa para chegar ao seu destino que optassem pela passagem de avião, para não ter maiores prejuízos”.
Em outra empresa, estava sendo feita a remarcação de passagens ou o reembolso do valor para aqueles que desistiram de viajar.
Uma terceira empresa de viagem visitada pela nossa equipe também usou como estratégia a remarcação de passagens e o reembolso, mas somente para aquelas pessoas que solicitaram o cancelamento três horas antes do embarque, tudo isso sem custo adicional. Essa operação foi intensificada nesta segunda-feira (4) e quarta-feira (6), quando a empresa decidiu não circular.
“Além disso, disponibilizamos ônibus com todo o serviço completo para atender o público, só que infelizmente não conseguimos completar nosso serviço, que é o trecho Boa Vista-Manaus, o que causou prejuízo. Embora não seja culpa da empresa, ainda assim tivemos esse cuidado”, comenta Bruna Sousa, gerente da agência.