Dos 55 bairros de Boa Vista, atualmente 41 são cobertos por uma rede de esgoto, segundo dados da Companhia de Água e Esgotos de Roraima (Caer). Desses 41, somente 22 bairros possuem 100% da rede de esgoto com 19 atendidos de maneira parcial e 11 recebendo obras.
Conforme informações da Caer, o projeto de implantação da rede de esgoto em Boa Vista está previsto para ser feito em cinco etapas, das quais três já foram concluídas. A primeira começou ainda no ano de 2009 e a meta também, segundo a companhia, é de até o final deste ano a capital de Roraima possua em torno de 93% dos domicílios interligados à rede de esgoto.
Ainda estão em andamento as obras da quarta e quinta etapas com obras de implantação da rede de esgoto nos bairros Centenário e Nova Canaã (4ª Etapa). Continuam também os serviços de ligações intradomiciliares da quinta etapa.
Na capital, também conforme dados da companhia de esgotos, existem 42 estações elevatórias de esgoto e uma estação de tratamento de esgoto. Essas duas estações são importantes para que o processo de saneamento ocorra da melhor maneira.
As estações elevatórias de esgotos (EEE) possuem bombas hidráulicas, o que torna possível que seja bombeada água de áreas mais baixas da cidade para o sistema de tratamento.
Em 2008, Boa Vista possuía 259 km de rede de esgoto atendendo apenas 6.267 ligações domiciliares. Atualmente existem 53.604 ligações ativas na Capital e, conforme na Caer, se espera que a construção da estação elevatória de esgoto proporcione a interligação de aproximadamente 15 mil novas ligações.
Apesar de ser direito da população, a situação das redes de esgoto no Brasil ainda não é assunto prioritário. Divulgada no mês de maio deste ano, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacou que 72,4 milhões de pessoas moram em domicílios sem acesso à rede geral de esgoto no Brasil.
Segundo os dados da Pnad Contínua, é estimado que no ano de 2018 um total de 66,3% de domicílios no país tinha algum acesso à rede geral ou fossa com ligação à rede de escoamento de esgotos. O maior número de domicílios com ligação à rede geral de esgotos está presente no Sudeste, com 88,6%, e as regiões com menores percentuais são no Norte, com 21,8%, e Nordeste, com 44,6%.
A meta da Companhia de Água e Esgotos de Roraima (Caer) é que a quinta etapa da instalação da rede de esgoto na capital atinja um percentual de 76,45% de redes implantadas. A quinta fase é a entrega da Estação Elevatória Santa Tereza, que está localizada no bairro Psicultura, zona oeste da capital, e a construção de 128.459 km de rede de esgoto para atingir os moradores dos bairros Cidade Satélite, Equatorial, Alvorada, Silvio Leite, Jardim Primavera, Jardim Equatorial e parte do Psicultura.
Para o ano de 2020, o intuito é que se chegue a 93,60%, correspondendo a 1.101,76 km de rede de esgoto na Capital com objetivo de atender 68.869 domicílios. Ainda conforme dados da Caer, a realização das obras vem de um convênio com o Ministério das Cidades e terá um investimento total de cerca de R$ 550 milhões ao final das cinco etapas. Até esta etapa já foram investidos R$ 89.445.429,49 através de recurso proveniente do orçamento geral da União, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional. Existe também uma contrapartida do Governo Estadual no total de R$ 1.139.441,44.
Especialista destaca que serviço de esgotamento ainda precisa de melhorias
Para a engenheira ambiental Tácia Maria dos Santos, o sistema de rede de esgoto em Boa Vista precisa ser ampliado para atender ao crescimento da população. “Quando cheguei aqui na Capital era muito pior a situação. Agora tem melhorado essa questão da estrutura de rede de esgotos, mas pela proporção do tamanho da população e da cidade, é um serviço que já deveria ter sido realizado há bastante tempo. Fora que a população está cada vez maior, principalmente, com a imigração venezuelana”, analisa.
Ainda para a engenheira ambiental, a importância de um bom saneamento básico é principalmente a manutenção de saúde e desenvolvimento social. “Um bom saneamento é fundamental para manutenção de uma boa saúde para a população. Uma questão de evitar a acumulação de muitos vetores de doença e evitar um transtorno maior para todos. Por isso é necessário ter um cuidado”, revela ainda.
Outro ponto comentado pela engenheira é o sistema de drenagem pluvial, que ainda precisa de melhorias. “Ainda não é o ideal. Tem muito alagamento, não tem um bom escoamento da água na época de chuva. O fato de a cidade ser plana é um agravante maior e até por isso se deveria ter um cuidado ainda maior”, destaca.
Um ranking do saneamento básico divulgado em julho deste ano destacou que Boa Vista teve uma melhora em relação a 2018. Elaborado pelo Instituto Trata Brasil juntamente a GO Associados, este ranking reúne os indicadores de água e esgoto das 100 maiores cidades do Brasil.
Neste ano, a capital roraimense subiu 11 posições em relação ao ano passado, ficando no 45º lugar. Dentre as capitais dos estados que formam a região Norte, Palmas, a capital do Tocantins, continua como a melhor colocada, ficando no 23º lugar.
O esgotamento sanitário é direito do brasileiro garantido pela constituição. Segundo a Lei 1.445/2007, o saneamento básico é formado pelo conjunto de serviços, infraestrutura e instalações para operar o abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e das águas pluviais urbanas e drenagem.