ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
O projeto surgiu durante um dos Fóruns da Agricultura Familiar, conduzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) junto aos agricultores do Sul do Estado. Em uma das discussões, foi levantada a potencialidade do município de Caroebe para a cultura de cacau, que ainda em 2015 já plantava e comercializava a fruta para o Amazonas. Ali surgia o Polo Cacaueiro de Roraima.
Passados quatro anos, o desafio da vez é consolidar e expandir a produção aos demais municípios já reconhecidos pela Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac) como zonas propícias ao cultivo. São eles: Caracaraí, Rorainópolis, São João da Baliza e São Luís do Anauá. O primeiro passo, contudo, é a elaboração de um relatório de prestação de contas que já está sendo produzido pela Embrapa.
Após a criação do Polo Cacaueiro, foi firmado um acordo entre a Embrapa, a Ceplac e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) para o desenvolvimento do projeto. Nesse sentido, a Embrapa é interveniente, a Seapa é responsável pela assistência técnica e a Ceplac, por sua vez, realiza a capacitação de técnicos e produtores, além de fornecer as sementes para as lavouras.
O chefe adjunto de Administração da Embrapa, Miguel Amador, ressaltou que centenas de produtores do Sul do Estado já estão cadastrados como interessados no plantio. “O desafio é viabilizar a vinda das sementes. Precisamos garantir que os municípios tenham o número de técnicos necessários, que é a condição para as sementes virem, conforme o acordo firmado”, explicou.
No início de 2019, cerca de 300 produtores familiares cadastrados do município de Caroebe receberam o primeiro lote de sementes. Isso permitiu o plantio de aproximadamente 350 hectares no início do período chuvoso. “Foi a partir daí que os outros municípios passaram a ser reconhecidos. Economicamente falando, a cultura cacau é uma boa oportunidade para a agricultura familiar de Roraima”, finalizou.
Para o técnico e gestor de agronegócio da Seapa, Paulo Cabral, a comercialização já está garantida, visto a procura da população. “Tudo que os produtores precisam é plantar um produto que traga um retorno financeiro. E o cacau é esse fruto. Os produtores dos demais municípios estão só esperando a chegada das sementes. Agora mesmo é esperar a elaboração do relatório da Embrapa”, disse.
Brasil é o 7º maior exportador de cacau no mundo
O cacau é considerado uma das grandes promessas de crescimento do setor agrícola no Brasil e, consequentemente, de promoção de desenvolvimento regional. Atualmente, 90% da produção nacional está concentrada, principalmente, em dois polos: no litoral sul da Bahia, que abrange 26 municípios na Mata Atlântica e na Transamazônica, e 11 cidades paraenses na região da Floresta Amazônica. Este ano, o Pará surpreendeu e ultrapassou a Bahia, até então líder na produção. Em 2016, foram 117 mil toneladas de cacau produzidas em aproximadamente 170 mil hectares no estado paraense.