O fim da noite da terça-feira, 19, foi marcado por um episódio brutal de violência contra mulher. Uma autônoma de 41 anos foi espancada pela terceira vez tendo dilaceração do lábio e hematomas graves por todo o rosto. Além disso, ela já teve uma costela e um braço quebrado durante dois outros atentados que sofreu no intervalo de um mês.
A vítima não tem condições de falar, mas a reportagem da Folha conversou com a irmã dela e, segundo a denunciante, o suspeito é um homem com quem ela se relacionou por três meses. Ele é acusado de vários outros casos de espancamento e vem sendo procurado pela polícia. “Tivemos conhecimento e estamos em diligências”, informou a delegada Elivânia Aguiar.
“A primeira vez foi dia 12. Ela se mudou e na mudança ele agrediu ela. Dia 12 foi ela, dia 13 foi outra mulher. Ele pula muro, tira portão do trilho, contorna cerca elétrica e alarme. Dia 12 ele conseguiu entrar na casa que ela estava e ficou de tocaia, no quintal e, na hora que ela abriu a porta, foi atacada com socos, pontapés, empurrada contra a parede. Disso tudo, ela já registrou dois Boletins de Ocorrência (B.O) e tem duas medidas protetivas contra ele, mas nada resolve e nada é feito. Nessa ocasião ele quebrou uma das costelas da minha irmã”.
A última ocorrência não foi registrada porque a irmã da vítima disse que ainda não conseguiu levá-la à Casa da Mulher Brasileira, onde funciona a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), da Polícia Civil, principalmente por conta do estado de saúde, que é delicado. A vítima deu entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR) no começo da madrugada de ontem, dia 20, e só recebeu alta às 5h, após passar por procedimento cirúrgico.
“Ela me contou que recebeu um telefonema dele dizendo que queria devolver o celular dela. Esse celular ele roubou da última vez que espancou minha irmã e ameaçou publicar as fotos dela, que estavam no aparelho, nas redes sociais. Ele ligou ontem [dia 19] afirmando que estava indo devolver o celular porque não queria mais confusão e sabia que ela estava na casa dos pais”, contou a irmã.
Quando a vítima saiu, o homem pediu que ela entrasse no carro. “Se ele foi de Uber. O motorista não iria desconfiar porque ele é aparentemente normal, é educado, conversa bem, é um psicopata. Ele a levou para um motel e na hora que chegaram começou a espancar minha irmã. Ele bateu muito no rosto e na cabeça. Ela nem podia se defender direito porque está com o braço quebrado e engessado”, acrescentou a denunciante.
Além do lábio dela, que ficou destruído, a vítima também perdeu um dente, devido aos golpes. A médica disse que a mulher ferida vai ficar desfigurada, irreconhecível e terá que passar por uma cirurgia plástica reparadora na boca. “Ela teve depressão profunda depois de fazer cirurgia bariátrica e perder 50 quilos. Aí ele apareceu como um príncipe encantado, chamando ela de minha rainha, princesa e enganou não apenas ela, mas toda a família. Depois de dois ou três meses começou a mostrar as garras. Várias mulheres já registraram B.O contra ele”, frisou a irmã da vítima.
Depois do espancamento, o autor do crime foi embora pensando que ela realmente estava morta, uma vez que estava desmaiada sobre uma poça de sangue. Os familiares estavam revoltados e contaram que nenhum funcionário do motel chamou a Polícia. Em vez disso, chamaram um Uber e ainda fizeram a vítima pagar pelo transporte. (J.B)