Construir em Roraima é uma ação cara, já que o custo do metro quadrado da construção civil no estado está entre os mais altos do Brasil e acima da média nacional. A informação é do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi).
Segundo dados da Sinapi, publicados no mês passado, o metro quadrado em Roraima está calculado em R$ 1.219,97, enquanto a média brasileira é de 1.155,01. Acima de Roraima aparecem os estados do Acre, com R$ 1.276,24, e Rondônia com R$ 1.220,63, ambos na região Norte. Estas altas foram influenciadas por reajuste na mão de obra em Roraima e no Pará, onde a região Norte ficou com a maior variação em outubro, 0,97%. As demais regiões registraram os seguintes resultados: -0,01% (Nordeste), 0,09% (Sudeste), 0,25% (Sul), e 0,37% (Centro-Oeste).
Á Folha, o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado de Roraima, Clerlânio Holanda, disse que entre os motivos que contribuem para isso estão a dificuldade da chegada de parte do material de construção civil e o preço da mão de obra no estado. Entre os fatores que influenciam para que o estado se mantenha neste patamar, Clerlânio citou a dificuldade de alguns materiais básicos para a construção chegar ao estado, como cimento, ferro e aço, que vêm por meio rodoviário e hidroviário.
“Roraima continua com um custo muito alto pelo metro quadrado da construção civil e um dos motivos é que a maioria dos produtos vêm de outros estados, e o difícil acesso que temos para chegar até aqui aumenta devido ao frete rodoviário e hidroviário”, citou. “Além de que o cimento vendido aqui é de apenas 42,5 quilos e custa entre R$ 33 a 35, bem diferente do preço de R$ 19 a 20, cobrado no Nordeste, e com saco de 50 quilos”, disse. “Até madeira, que é um produto nosso, não está um preço barato em relação aos outros estados”, afirmou.
Quanto à mão de obra, Clerlânio ressaltou que se trata de uma das mais caras do Brasil e de que necessita de qualificação.
“Atrelado aos insumos, há também a mão de obra, que é uma das mais caras da construção civil no país e o sindicato discute muito sobe isso. Já que é a mais cara, deveria ser a melhor, mas falta mão de obra qualificada no estado. Principalmente quando a construção civil está em alta, sentimos a falta da mão de obra qualificada. E nestes momentos temos que recorrer a outros estados do Nordeste, especificamente”, afirmou. “Roraima tem um aparato excelente de qualificação de mão de obra, que é o Senai, que dispõem de praticamente todos os cursos na área de construção civil. As empresas têm que demandar mais ao Senai para qualificar essa mão de obra no Estado”, disse.
Sobre os salários mensais de alguns profissionais da construção civil, Clerlânio afirmou que depois da convenção coletiva de setembro deste ano, o mestre de obras ficou com piso de R$ 3.699,26; o apontador de obras em R$ 1.254,93 e o pedreiro R$ 1.822, 74. (R.R)
Setor tem perspectiva de crescimento para 2020
Quanto ao horizonte de 2020, o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR), Clerlânio Holanda, disse estar bastante otimista com o crescimento da construção civil no estado.
Entre os fatores positivos que deixam o presidente do Sinduscon otimista, ele citou os sinais de retomada que a economia brasileira apresenta e que, mesmo com o estado em calamidade financeira, o Governo feito o pagamento dos salários dos servidores em dia e as empresas de energia que estão chegando no estado.
“Só estar com o salário em dia deixa o servidor com poder de compra maior e pode pleitear financiamento habitacional, além das empresas de energia renováveis que chegam ao estado e que vão demandar grande contratação de mão de obra. Isso nos faz acreditar que 2020 será um ano de retomada na economia”, disse.
Ele citou ainda o fato de a inflação estar controlada e a taxa Selic estar no menor patamar da história, com 5%, e a perspectiva de diminuir até o final do ano, além das taxas de juros em queda.
Outro ponto destacado pelo presidente foi quanto a um projeto do Poder Executivo que teve aprovação esta semana pela Câmara Municipal de Boa Vista, para construção de condomínios horizontais.
“Boa Vista ainda não tinha condomínios horizontais regulamentados e isso é uma demanda reprimida que o setor esperava com uma grande expectativa para o próximo ano”, disse.
“Todos estes fatores fazem com que o setor da construção civil possa reverter a situação de desemprego no Estado. O último dado que temos é do mês de setembro, divulgado pelo IBGE, com Roraima apresentando deficit de 200 empregos na construção civil, que é um balanço do que admitimos e demitimos na construção civil desde janeiro deste ano, e temos perspectiva de que até o final do ano esse quadro seja revertido e possamos fechar o ano com saldo positivo”, disse. (R.R)