AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
“Política de incentivo à atuação dos idosos na organização do trânsito em frente às escolas deste município”. Essa é a prerrogativa de um novo projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, que visa abrir espaço para que aquelas pessoas de mais idade possam ajudar voluntariamente a desenvolver melhor o trânsito em frente às escolas.
O vereador Ítalo Otávio (PR), autor do projeto, explicou à Folha que a ideia surgiu após conversas com pessoas idosas dos bairros Cauamé e Caranã, que gostariam de contribuir de alguma maneira com a sociedade.
“Depois que eu falei com eles, fiquei com aquilo na cabeça e decidi discutir isso com a minha equipe e com o diretor-presidente do Detran, Igo Brasil, onde surgiu esse interesse de fazer algo nesse sentido”, destacou.
Otávio afirma que, para que haja um pleno funcionamento, será feito um cadastro de todos aqueles que queiram aderir à nova proposta e realizar o trabalho voluntário em escolas próximas as suas residências, porém, quando foi questionado sobre a faixa etária que irá ser aproveitada, o vereador disse que ainda não havia nenhuma previsão. “Espero aí que o Estatuto do Idoso e a Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social) me ajudem em relação a isso”, complementou.
O parlamentar indicou que o projeto não necessariamente possa atender somente escolas municipais, mas também pode vir a ocorrer em escolas estaduais, caso haja parcerias entre a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) com a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed).
O vereador lembrou também que isso tem sido um pedido recorrente de diretores de escola municipal, agentes da Secretaria Municipal Segurança Urbana e Trânsito (SMST) e da guarda municipal, por conta dos horários de pico em frente a essas instituições.
“Acidentes que ocorrem nesses horários, principalmente, decorrem pela imprudência e pressa de muitos condutores e nós acreditamos que, com esse projeto de lei, o idoso em frente à escola trará esse respeito e harmonia, além do controle necessário para ajudar nesse fluxo”, frisou Otávio.
Agora o projeto irá, junto com outros aprovados na Câmara dos Vereadores, para apreciação da procuradoria da capital. O órgão tem 15 dias para se manifestar em relação à matéria e, caso não haja veto, o projeto voltará para a casa para a fase de promulgação, sanção ou veto.
O que o povo acha da nova Lei
Algumas pessoas idosas abordadas pela nossa equipe deram sua opinião sobre o projeto (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
– Nossa equipe resolveu ir às ruas para saber dos principais personagens desse projeto – os idosos – o que eles achavam dessa proposta apresentada por Ítalo Otávio ao legislativo municipal. A maioria se mostrou a favor da ideia, porém tem gente que opôs a isso, como é o caso da empregada doméstica Maria Auxiliadora, de 55 anos.
“Eu acho difícil que os idosos que participem disso consigam controlar o trânsito em frente às escolas, porque tem muito motorista mal-educado. Se eles não respeitam a polícia, vão respeitar os idosos? Isso é uma coisa que não vai dar em nada”, justificou a senhora.
Já o aposentado Sebastião Ribeiro da Conceição, de 70 anos, acredita que a experiência pode ser um fator determinante para a realização desse projeto. “Os mais novos pensam mais no momento e as pessoas pensam tanto no presente, quanto no futuro, então eles têm que se atentar àquilo que é errado”, contou.
A dona de casa Nilse Pires de Souza, de 57 anos, se mostrou a favor e disse que se inscreveria caso o projeto venha a funcionar. “Se tiver pessoas que queiram ajudar de alguma maneira, eu apoio, porque todo tipo de ajuda é necessária, principalmente em relação ao trânsito”, acrescentou.
O casal de idosos, Luiz Pereira da Silva, de 70 anos, e Dalvina de Andrade, de 73 anos, também se mostraram favoráveis a essa nova prática. Apesar de apoiar, Luiz também ponderou.
“Só não é garantido que idoso vai lá ajudar diretamente, porque pessoas da nossa idade também têm suas obrigações e ficar participando disso pode ser complicado”, opinou o aposentado.
Dalvina também deu sua justificativa para ser a favor da proposta. “Eu participaria porque gosto muito de estar no meio, atuando e ajudando, por isso eu acho importante”, conclui a aposentada.