AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
O Residencial Vila Jardim está completando três anos de história. Infelizmente os mais de 15 mil moradores daquela localidade não têm nada a comemorar, considerando os graves problemas existentes.
Quando o conjunto teve início, os moradores se sentiam seguros, pois contavam com a presença constante da polícia, por meio da Cavalaria e do Grupamento Independente de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO). Porém, isso se perdeu ao longo dos tempos.
“De um ano pra cá, isso tudo foi abandonado. A criminalidade tomou de conta e você vê durante o dia o uso de drogas de cara limpa e a polícia simplesmente sumiu. Eles aparecem de vez em quando, mas só pra dizer que vieram”, relatou o síndico de um dos condomínios existentes no residencial, que preferiu não ser identificado.
Segundo o homem, tem sido bastante corriqueiro o roubo de motos, a exemplo de uma ocorrência do dia anterior à visita da equipe ao bairro, por isso os moradores clamam urgentemente pelo retorno da Polícia Militar ao local. “A Polícia Militar faz um ótimo trabalho, mas quando ela tem suporte. Não tendo isso, fica complicado fazer um bom trabalho”, comentou o morador.
A princípio, quando foi criado, o residencial Vila Jardim seria contemplado com um posto policial e uma base do Corpo de Bombeiros Militares de Roraima (CBMRR), para realizar um trabalho de combate e prevenção de incêndios. Porém, essas promessas nunca saíram do papel.
SAÚDE – Apesar de ter uma população em torno de 15 mil habitantes, o Vila Jardim não possui um posto de saúde exclusivo para atender o conjunto. Por conta disso, aqueles que necessitarem de serviço médico têm que se deslocar para a Unidade de Saúde Básica (UBS) Aygara Motta, localizada no bairro Cidade Satélite, que é mais próxima do conjunto habitacional.
“Ele tem uma demanda muito grande, porém tem uma estrutura pequena e, como a população desse bairro se equipara à de um município, fica sobrecarregado. O posto do bairro Cidade Satélite foi construído para os moradores de lá e inchou com os moradores do Vila Jardim e também com imigrantes venezuelanos que são atendidos lá”, conta o síndico.
O LADO BOM? – Mesmo com os problemas crônicos, a população do residencial conta com alguns benefícios, como a Creche Pró-Infância e o Colégio Militar Estadual Irmão Tereza Parodi, que atendem as crianças e adolescentes do bairro, além de transporte coletivo, instalação de lâmpadas de LED e uma feira organizada pelo governo estadual e realizada toda semana na localidade.
Apesar disso, o sentimento é de abandono, pois não houve mais benefícios para os mais de 15 mil moradores daquela região. O síndico desabafa sobre a situação e critica a inércia do poder público em relação ao Vila Jardim.
Em nome de todos os moradores do Residencial Vila Jardim, o síndico de um dos condomínios pede que o bairro ganhe um olhar bem mais humano em relação às deficiências ali existentes, sem segundas intenções daqueles que só procuraram aqueles moradores em época de eleição.
“Que as autoridades olhem com mais carinho para nossos problemas na saúde, na educação e principalmente na segurança, porque aqui temos mães e pais de família que precisam urgentemente de novas perspectivas nessas áreas”, finalizou o morador.
Poder Público diz que condomínio tem segurança e saúde
Em resposta à Folha sobre a segurança no Residencial Vila Jardim, o Governo de Roraima informou que a comunidade é atendida por uma base fixa da PM, além de uma viatura e dois policiais para trabalho preventivo diário.
A nota também diz que, além da viatura que fica no Vila Jardim, a ronda ostensiva é feita por outras viaturas nas redondezas, não apenas no Residencial, como em todos os outros bairros da Capital.
O governo encerra o tópico policiamento na localidade ressaltando que a pessoa que estiver com algum problema relacionado à segurança, seja de urgência ou de emergência, pode entrar em contato com o telefone 190 que a Polícia Militar vai realizar o devido atendimento à ocorrência.
Em relação a um posto de serviço do Corpo de Bombeiros no bairro, a Casa Civil esclareceu que um novo ponto, a ser feito no bairro Cidade Satélite, está previsto em planejamento do executivo estadual e irá atender às demandas existentes no bairro e em regiões próximas, como o próprio conjunto habitacional.
Sobre a falta de Unidade Básica de Saúde no residencial, a Prefeitura de Boa Vista argumentou que está estudando viabilizar a implantação de uma nova unidade básica de saúde para fortalecer o atendimento na região devido ao aumento populacional.
“Atualmente a rede municipal de saúde vive um momento de desafio em todas as unidades básicas com a sobrecarga no atendimento por conta da crise migratória”, explicou a nota.
O executivo municipal encerra a nota ressaltando que os moradores do Vila Jardim estão dentro da área de abrangência da unidade Aygara Motta, no Cidade Satélite. “Além dessa unidade, na região existem as unidades Mariano de Andrade – Caranã, Hélio Macêdo – Jardim Caranã, Edna Bezerra – Aeroporto e Jardim Floresta”, conclui.