Durante a noite da quarta-feira, dia 4, e madrugada de ontem, 5, policiais que participavam da operação para investigar, esclarecer e prender os autores do homicídio da empresária e servidora da União Joicilene Camilo dos Reis, de 47 anos, conseguiram concluir o caso com uma verdadeira reviravolta. No total, seis pessoas foram detidas, sendo três adultos de 19 anos e três adolescentes com idades de 17 e 16 anos.
Os policiais militares efetuaram as prisões depois de terem recebido informações coletadas por policiais civis. Em conversa com um dos suspeitos, a guarnição descobriu que todos os detidos têm participação no homicídio de Joice. Um dos envolvidos preso relatou que outro adolescente, de 16 anos, havia informado que a vítima teria dinheiro em sua residência e que os integrantes do bando poderiam fazer a “fita” [roubar], mas que ele não iria participar por conhecer a vítima.
O menor confessou sua participação e disse que contou com o apoio de mais três comparsas. Assim que entraram no imóvel, depararam-se com Joice. Um dos elementos afirma que a vítima ainda pediu que todos eles saíssem da casa dela, mas um dos criminosos deu um “mata-leão”, movimento também conhecido como “gravata”, e deixou Joice desacordada. Depois disso, passaram a revirar a casa, em busca de objetos e valores em dinheiro. “Eles disseram que ao entrarem na casa, a vítima estava dormindo. Nesta ocasião faltou energia na cidade e ela acordou e ao perceber que havia gente na casa se assustou e gritou para que deixassem o local. Três deles fugiram, mas dois a agarraram pelo pescoço e cometeram o crime.”
Na casa de um dos envolvidos, foram encontrados os itens que tinham sido roubados da vítima, inclusive o local era usado para as reuniões da quadrilha, nas quais arquitetavam os crimes que iriam cometer. Dentro de uma fronha foram encontrados, óculos, perfume, relógios, tênis, dois ferros de passar, bolsas e duas capas de notebooks.
A namorada do elemento que era dono da casa onde os produtos estavam escondidos foi quem recebeu as joias da vítima. Todos foram levados para a Delegacia do município como suspeitos do latrocínio. Na tarde de ontem, dia 5, o sexto envolvido foi preso. Ele foi apontado pelos demais presos como o responsável por enforcar a empresária. Um dos integrantes da quadrilha fugiu de Rorainópolis com o aparelho celular e o notebook da vítima, e está sendo procurado pelos investigadores.
Agentes da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) também participaram das ações que culminaram nas prisões. (J.B)
Suspeitos do crime fizeram festa com o dinheiro roubado
Os pertences da vítima foram localizados na casa de um dos indivíduos, local usado para as reuniões do bando (Foto: Divulgação/Ascom PCRR)
No começo da tarde dessa quinta-feira, 5, o delegado Cid Guimarães, coordenador das investigações, explicou que ainda não chegaram à conclusão dos fatos e adiantou que a princípio o objetivo inicial do bando era obter valores, mas para que a vítima não reagisse com gritos ou com pedido de socorro, decidiram praticar o homicídio.
Quanto aos presos, a autoridade policial reforçou que, infelizmente são pessoas ligadas às quadrilhas armadas e visam quem tem condições financeiras no município. “Ela era uma pessoa muito conhecida por causa das campanhas que fazia e possivelmente pensaram que ela tinha valores altos. Ficou comprovado que levaram dinheiro após o crime, mas não se sabe qual o montante”, revelou Guimarães. Ainda conforme o delegado, nem os familiares ou o esposo da vítima sabem a quantia em dinheiro que ela guardava em casa.
Quando questionado se tinha algum carro dando suporte, o delegado não quis adiantar nada porque afirmou que ainda está concluindo a investigação. “Por causa de um detalhe chegamos aos elementos e a partir daí foi uma cadeia de informações. Foram três dias de investigação intensa porque queríamos dar uma resposta para a sociedade. Todos os casos, nós sempre queremos solucionar”, enfatizou a autoridade de Polícia.
Para chegar aos criminosos, os policiais descobriram que o anel de formatura de Joice estava sendo oferecido à venda. “Nós encontramos o elemento que também falou da aliança da vítima e foi passando os nomes dos envolvidos, ocasião em que chegamos a um indivíduo que teria participado diretamente. Fomos puxando o fio da meada e conseguimos prender o restante que felizmente ainda estavam aqui pelo município”, acrescentou Cid Guimarães.
Um fato assustador é que o dinheiro roubado estava sendo gasto e os elementos chegaram a fazer festa e comprar comida e bebida com parte da quantia. Um dos acusados ganhou uma “caixa de cerveja em lata” e revelou ao delegado Cid Guimarães que o bando foi “beber” para “comemorar” o resultado do roubo.
“Para ver a crueldade, eles ainda ficaram por aqui, comemorando, pensando que a Polícia não iria agir, que não iria encontrá-los. Fomos árduos porque um crime como este nunca havia ocorrido em Rorainópolis. Geralmente nos roubos os criminosos entram, levam qualquer coisa e deixam as vítimas, mas, dessa vez, foi muito cruel”, reforçou.
Para o delegado, foram cinco elementos que entraram na casa e torturaram a vítima antes de praticar o crime que ceifou sua vida. “Eles pularam o muro para entrar na área da casa. Não foi por acaso, tudo foi bem planejado. Já tínhamos previsão de um roubo em Rorainópolis, só não sabíamos que seria naquele local. A gente quer saber por que essa violência toda contra a vítima que era uma pessoa boa, então para nós é uma questão de honra dar essa resposta”, observou Guimarães. (J.B)