A madeira extraída em Roraima e apreendida pela Polícia Federal do Amazonas será tema de uma reunião prevista para esta semana em Boa Vista. O evento ainda não tem data marcada, mas o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), em entrevista exclusiva à Folha, informou que em reunião com o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e com o superintendente da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, solicitou esse encontro que deverá contar com a participação do delegado da PF responsável pela apreensão do produto roraimense no porto de Manaus, além de representantes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), e superintendentes da PF de Roraima e do Amazonas.
“Em Manaus, todas as cargas de madeiras oriundas de Roraima estão ficando retidas pela fiscalização da Polícia Federal porque, segundo a instituição, existe uma série de irregularidades nessa mercadoria. Segundo a PF, existem Documento de Origem Florestal (DOF) falsos, quantitativo de madeira na carga é inferior ao que foi informado, existe espécie diferente de madeira da que foi declarada e madeiras que foram retiradas em áreas diferentes da licença ambiental. Ou seja, a PF do Amazonas colocou uma série de inconsistências e de problemas. Essas madeiras estão sendo denunciadas para a Justiça, que tem determinado a alienação, a perca desse produto, e isso tem causado um prejuízo muito grande no estado de Roraima”, ressaltou Denarium.
“Após essa reunião em Boa Vista, quando será apresentada a situação de cada carga e demonstrado os tipos de irregularidades cometidas, vamos convidar os advogados das madeireiras que estão sendo prejudicadas para uma reunião e pontuar os problemas que estão acontecendo. A madeira já foi o principal produto da pauta de exportação do Estado. Chegamos a ter mais de 100 madeireiras em Roraima e hoje são pouco mais de 20 empreendimentos. E lá no Sul do Estado, região de Rorainópolis, tem hoje centenas de funcionários desse setor desempregados, porque essas empresas estão quase todas parando suas atividades”, afirmou o governador. Ele disse que solicitou do diretor-geral da Polícia Federal que a fiscalização da madeira extraída em Roraima fosse feita na própria serraria, antes de sair de Roraima. “Nós não conseguimos ter esse pedido atendido, porque geraria um custo muito grande para a Polícia Federal e também quando constatar qualquer tipo de irregularidade na serraria, acabaria sendo pior para o dono da empresa porque seria interditada”, esclareceu Denarium.
Mesmo sem ter o pleito atendido, o governador disse que ficou acertado que será enviado um fiscal da Femarh para o porto de Manaus, para acompanhar a fiscalização de todas as cargas, para evitar que tenha inconsistência e uma vistoria excessiva que penalize os madeireiros de Roraima. “O que temos que fazer é trabalhar dentro da legalidade. A Femarh está fazendo mutirões para a emissão de licenças ambientais e nós não podemos concordar com o desmatamento e queimadas ilegais, e também não podemos penalizar os empreendedores, madeireiros que trabalham dentro da lei, pagando impostos, tirando a licença ambiental da forma correta e hoje estão sendo punidos. Todos os madeireiros estão sendo colocados num saco só, e a fiscalização está sendo generalizada. Então, é como eu falei, aqueles que estão na ilegalidade que sejam penalizados e os que estão com a madeira legalizada, mas que foi apreendida, que seja liberada a carga deles para que continuem trabalhando. A madeira apreendida, nos últimos dois anos, já foi perdida e já tem autorização judicial para sua destinação que é ser leiloada ou doada para instituições”, pontuou Antonio Denarium.
SINDICATO – A reportagem da Folha entrou em contato com o Sindicato dos Madeireiros de Roraima, mas não obteve retorno.