Cotidiano

Diocese completa 40 anos com a Amazônia em primeiro lugar

Para o Padre Vantuir, o fato do Sínodo da Amazônia ter acontecido em Roma, mostra que esta é uma preocupação da igreja no mundo todo

A história de Roraima está totalmente ligada com a trajetória da Igreja Católica no Estado. A missão no extremo norte do país surgiu em 1907, sobre os cuidados dos monges beneditinos, quando esta região ainda se chamava Vale do Rio Branco e pertencia à extensão do Amazonas.

Mas foi em 1979, um ano antes da visita do falecido Papa João Paulo II ao Brasil, que a então Prelazia de Roraima foi elevada a Diocese. Logo após, passou a formar seu clero local, com a fundação do primeiro seminário, de Nossa Senhora Aparecida.

“Era o primeiro sinal de uma igreja que queria caminhar com as próprias pernas e ter como padres filhos desta terra”, afirma o Padre Vantuir Neto.

O alcance da autonomia financeira para mantimento da vida religiosa de padres e irmãs, além do baixo número de missionários, persiste como uma das principais dificuldades da Diocese em Roraima, ainda de acordo com o Padre.

Desde os primórdios, a Igreja atuou em favor dos direitos humanos em Roraima. Seja na construção das primeiras escolas e hospitais, seja na luta para a demarcação de terras indígenas e combate à destruição da natureza e garimpo.

O trabalho pioneiro em toda a Amazônia é destacado pelo Padre Vantuir como um dos pontos que devem ser reconhecidos nestes 40 anos de história. “Antes de chegarem os governos, quem chegou aqui foram os missionários. A primeira coisa em uma avaliação que a gente deve reconhecer, é que o trabalho pioneiro na Amazônia quem começou foi a igreja. As cidades nasceram da missão da Igreja Católica, que tinha três trabalhos, a formação intelectual, a dimensão religiosa e o cuidado com a vida”, enumera.

Entretanto, a defesa pelo cuidado com a floresta sempre foi um dos pontos principais da Igreja, explica o Padre. Segundo ele, neste pontificado do Papa Francisco, isto se tornou muito mais evidente por meio de uma carta chamada Laudato Si’ (Em Português ‘Louvado seja’) com subtítulo “sobre o cuidado da casa comum”. Este é um documento em que o pontífice critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável, além de fazer um apelo à mudança e à unificação global para combater a destruição do meio ambiente e as mudanças climáticas. 

SÍNODO DA AMAZÔNIA – Nesta visão, o Papa convocou, em 2017, um Sínodo para a Amazônia que foi realizado em outubro deste ano. O Padre Vantuir Neto também participou como um dos representantes da Diocese roraimense. De acordo com ele, o direcionamento dado por Francisco aos católicos é que as igrejas de toda região amazônica trabalhem unidas. “A palavra Sínodo significa “caminhar junto”, então a primeira coisa que o Papa deseja é que as igrejas católicas trabalhem em comunhão. A segunda orientação do pontífice é que a pessoa de Jesus Cristo seja anunciada a todos os povos, em especial aos mais afastados dentro da Amazônia”, disse.

Nesta direção, Francisco orienta que a Igreja deve permanecer em defesa da Amazônia, dos seus povos e cultura. “Uma frase bonita do Papa João Paulo II quando ele falou, em 1980, lá em Manaus, é que “a Igreja defende e sempre defenderá os índios” e o Papa Francisco retomou isso. E também estar sempre ao lado daqueles que mais sofrem e passam necessidade como os ribeirinhos, os quilombolas, os povos que vivem na periferia marginal e atualmente a grande onda migratória. Seja do Haiti ou da Venezuela”, complementou.

Para o Padre Vantuir, o fato do Sínodo da Amazônia ter acontecido em Roma, mostra que esta é uma preocupação da igreja no mundo todo. “Quando ele levou o Sínodo para lá [Roma], no centro, ele estava dizendo que o tema da Amazônia não é apenas de interesse nosso. Não é algo que somente nós deveríamos nos preocupar e sentir isso. É um tema que a igreja católica do mundo todo se preocupa”, finaliza.