Cotidiano

Pacientes com Lúpus sofrem com falta de medicamentos

Pacientes que fazem tratamento contra o Lúpus estão enfrentando dificuldades para conseguir remédios na rede estadual de saúde

Pacientes que fazem tratamento contra o Lúpus (Lúpus Eritematoso Sistêmico) estão enfrentando dificuldades para conseguir remédios na rede estadual de saúde. Portadora da doença há mais de cinco anos, a técnica em secretariado Roseane Franco, 28 anos, disse à Folha que o atraso no repasse das medicações se deu no início do ano passado. 
“Desde o início do tratamento, o governo sempre manteve o repasse do medicamento. Às vezes faltava, mas a demora não era tanta como agora. No início do ano passado, fomos até a distribuidora geral do governo e a direção disse que havia feito o processo de compra de nova remessa para o Estado. O remédio veio e foi repassado sem problema algum. No meio do ano, a mesma coisa. E se procedeu da mesma maneira. Porém, três meses depois, começou a surgir esse problema e nunca mais foi resolvido. Hoje esse Hidroxidorquina [medicamento] não é mais ofertado e muitos pacientes, assim como eu, estão com o tratamento comprometido”, comentou.
Outro medicamento, o Ciclofosfamida, também deixou de ser oferecido aos pacientes. Muitos estão inclusive tendo que recorrer à importação. “O Ciclofosfamida é um medicamento que não é encontrado aqui, no Estado, e a única solução é a importação, só que uma caixa desse medicamento custa R$320,00 e muita gente, assim como eu, não dispõe de condições financeiras para comprar. Esses são remédios de uso obrigatório, mas infelizmente não tem por aqui”, frisou.
Roseane Franco afirmou que, por conta da doença, tem dificuldades em arranjar emprego. Ela espera que o governo volte a repassar os remédios para continuar o tratamento. “Eu chego até as etapas finais das entrevistas, mas quando eles perguntam se tenho algum tipo de doença, eles [empregadores] simplesmente recuam. Atualmente, apenas o meu marido trabalha e, como a medicação não é barata, nós estamos tendo que nos virar para não interromper o tratamento. Fui orientada a procurar o Ministério Público para ver o que eles poderiam fazer. Me pediram para conseguir os laudos clínicos para dar entrada numa ação, mas eu particularmente espero que esse novo governo consiga restabelecer a distribuição desses remédios, pois existem outros que também passam por esse problema. A última resposta que recebi foi que a vinda estaria programada para o próximo mês”. 
GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado informou que a falta dos medicamentos Hidroxicloroquina e Ciclofosfamida se deu por problemas no fornecimento durante o exercício anterior. No entanto, a Coordenadoria-Geral de Assistência Farmacêutica (CGAF) incluiu os dois remédios no processo de compra emergencial 2.081/2015, que se encontra em andamento.
Por se tratar de produtos comprados fora do estado, conforme o governo, a previsão de chegada é de 30 dias. Informou ainda que, além da compra emergencial, encontra-se em andamento um processo de compra anual de medicamentos, que contempla a Hidroxicloroquina e a Ciclofosfamida.
“Conforme informações da CGAF, este último processo tem a finalidade de garantir o abastecimento de todas as unidades de saúde vinculadas à rede estadual, com dispensação mensal estabelecida conforme necessidade de cada unidade”, frisou a nota. (M.L)