ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
O Governo de Roraima descontou dos servidores da Enfermagem os dias não trabalhados desde o início da greve da categoria, que iniciou no dia 23 de novembro. A medida, no entanto, também afetou os servidores que não aderiram à greve, bem como os que estiveram de recesso durante o período. Apesar do ocorrido, o movimento afirmou que a paralisação vai continuar.
A continuidade da greve foi confirmada pela categoria durante assembleia realizada na tarde desta segunda-feira, 30, em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, onde os servidores estão acampados há oito dias. Na avaliação do presidente do Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Roraima (Sindprer), Melquisedek Menezes, o desconto salarial é uma perseguição.
O presidente esclareceu que os servidores ainda não receberam nenhuma resposta por parte do Governo para as reivindicações apresentadas. Entre elas se destacam: condições mínimas de trabalho, como equipamentos e demais insumos; o pagamento de progressões e retroativos (passivos de anos anteriores), e a elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Remuneração da categoria.
“A Secretaria Estadual de Saúde nunca nos procurou para um diálogo. Esse desconto no salário é uma perseguição. Tem servidor que recebeu R$ 70 reais, tem servidor que não recebeu nada e tem servidor que teve retirado um valor maior do que recebe”, declarou. Diante do desconto salarial, o sindicato informou já ter acionado o setor jurídico.
“Nós estamos na legalidade. Digo e repito: nossa luta é por direitos, não por privilégios. A Sesau, para tentar nos ouvir, instigou o Tribunal de Justiça, nós tivemos uma reunião na Vara da Fazenda Pública e a greve é legal. A gente não suporta mais ser desrespeitado”, enfatizou.
Mais de 300 servidores da Enfermagem estadual estiveram presentes na assembleia.
Um técnico de enfermagem de Caracaraí, que preferiu não se identificar, declarou que a situação no interior é “centenas de vezes pior que na Capital”, uma vez que o número de servidores é exponencialmente menor. Ao receber o salário referente a janeiro, o técnico observou ter sofrido um desconto de mais de R$ 1 mil. Em outro caso, o técnico de enfermagem recebeu apenas R$ 15,44 de repasse do governo. O mesmo aconteceu com servidores de outros municípios.
Uma técnica que atua em Boa Vista e que também optou por não se identificar com receio de represálias avaliou a situação como desumana, visto que a categoria luta por melhorias desde 2004. As faltas de medicação e material para atendimento à população foram os principais pontos destacados. “Quem sofre sem insumo é a população, mas somos nós quem atendemos essas pessoas”, disse. Eles afirmaram que as condições de trabalho também são extremamente precárias nas unidades de referência, como Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth e Policlínica Cosme e Silva, todos na Capital.
A concentração da categoria começou no final de novembro em frente ao Hospital Geral de Roraima (HGR), a maior unidade hospitalar do Estado, mas agora os servidores estão acampados na praça do centro cívico em frente ao Palácio do Governo. Também começaram uma campanha de arrecadação de alimentos para ajudar aqueles servidores que ficaram sem salários este mês.
OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato com o Governo para ter um posicionamento, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.