As festas de passagem de Ano Novo à meia noite de 31 de dezembro para 1º de janeiro, são tradicionais no mundo todo e em todas as religiões, cada uma com sua especificidade cultural elabora sua programação com missas, cultos, ritos, caminhadas e fogos de artifícios e com um só pensamento: a paz mundial, celebrada em 1º de janeiro.
A Folha falou com representantes das religiões católica, evangélica, espírita e candomblé, para saber a programação de cada um neste fim de ano.
CATÓLICA – O padre Revislande Araújo disse que a Igreja Católica vai realizar uma extensa programação para seus fiéis com missa campal e a Vigília da Paz, neste dia 31, na Igreja de Santa Luzia, no bairro 13 de Setembro, às 19h30, onde haverá queima de fogos.
No mesmo horário haverá missas na Cathedral e nas igrejas de São Francisco, Santa Ana e de São Raimundo Nonato.
Já no dia 01 de janeiro haverá a missa do Dia da Paz e a Caminhada da Paz, saindo às 17h da Praça Germano Sampaio, no Pintolândia, e reunindo fiéis das igrejas de São João Batista, São Raimundo Nonato, São Bento e a Santa Rosa de Lima.
“Essa caminhada já acontece há mais de 15 anos e antes havia muita violência, tráfico de drogas e fazemos esta caminhada de oração pela paz e contra a violência, e o ponto de chegada não é definido, mas é sempre num ponto onde há forte índice de violência”, disse.
Já sobre a Vigília, Revislande informou que quer dizer um dia antes.
“A Vigília que é experiência nossa, que é o Dia da Paz, da Santa Mãe de Deus, foi quando foi firmada a doutrina da Igreja da Santíssima Trindade. De Deus Pai ela é filha, de Deus filho ela é mãe e de Deus Espírito Santo ela é esposa. Essa é relação que ela tem com a Santíssima Trindade e a ONU declarou o dia 1 de janeiro como Dia Mundial de Oração pela Paz, uma indicação da Igreja Católica, independente de religião”, disse.
O padre Revislande afirmou que as comemorações do dia 1º não são para uma religião definida, mas para todas as religiões e com cada uma tendo a sua intenção de rezar pela paz seguindo seu rito.
“Se for da Assembleia de Deus será um culto, se for da igreja Católica é uma missa. Se for do Candomblé tem seus cultos afros, ou seja, é um dia de orações pela paz com cada religião com sua marca registrada”, disse.
Sobre os temas que serão abordados nas missas, o padre citou a migração, a fome e a humilhação.
“A forte migração que estamos tendo, muitas pessoas com fome, humilhadas na rua e fazemos um forte apelo pela paz e pela acolhida. Muitas vezes queremos a paz mundial, mas não temos a paz dentro de casa. A santa madre Tereza de Calcutá dizia: quer buscar a paz mundial, comece dentro de sua casa”, afirmou.
EVANGÉLICOS – O apóstolo Elton Sousa, presidente da Ordem de Ministros Evangélicos do Estado de Roraima (Omer), disse que reúne cerca de 1,2 mil fiéis para comemorar a passagem de ano a partir das 22h do dia 31, no templo Ministério Internacional do Avivamento, na Avenida Mário Homem de Melo, onde acontecem as orações de passagem de Ano Novo.
“A passagem de Ano Novo é feita de maneira especial com a reunião de todos os fiéis no templo. Começamos às 22h com louvores, danças específicas, atos proféticos e rituais bíblicos que remontam ao tempo de Cristo. Há o resgate da história Judaica, além de testemunhos das pessoas onde falam de suas graças alcançadas durante o ano e temos uma palavra final do palestrante e ao faltar cinco minutos para meia noite temos com hábito dobrar os joelhos para oração agradecendo pelo ano que se foi e recebendo com alegria o ano que está chegando. Depois liberamos os fiéis para cada um passar seu réveillon”, disse.
ESPÍRITA – Os aproximadamente 200 associados que participam dos estudos do Centro Espírita Paulo de Tarso não terão uma programação específica para a passagem do final de ano de 2019 para 2020, segundo afirmou a vice-diretora do Centro Espírita Paulo de Tarso, Jane Bendetti.
“O Espiritismo é religião, é ciência e é filosofia, e nosso Centro funciona normalmente nestas datas comemorativas não temos uma programação especial de Natal ou de Ano Novo. Este ano coincidiu das datas de Natal e do Ano Novo serem numa quarta-feira, que é o dia que fazemos nossas palestras públicas, no centro, que fica na rua Souza Junior 982, no bairro São Francisco”, disse.
Ela explica que nas palestras públicas são feitas explanações do evangelho de Jesus Cristo. “Depende do palestrante que for dar o enfoque ou não sobre o período, mas a mensagem é sempre sobre o evangelho”, afirmou. “Temos quase 300 alunos que frequentam o centro para estudar a doutrina espírita, temos espaço para 198 pessoas e sempre está lotado aos domingos e temos mais 100 pessoas que trabalham e fazem o centro funcionar”, disse. “Como religião, o espiritismo é uma religião cristã, e seguimos os ensinamentos de Jesus Cristo e acreditamos na reencarnação, não com outras religiões cristãs que acreditam na ressurreição, mas na comunicação com os espíritos”, disse.
CANDOMBLÉ – O candomblé faz a passagem de Ano Novo com festa louvando os orixás, tanto o que está deixando o ano como o que vai tomar posse para o próximo ano. O doté Técio de Exu está em Roraima há nove anos e disse que esta festa já é uma tradição milenar considerada sagrada para quem faz parte da religião e acontece anualmente em Roraima na Casa Jeji Mahi. As festividades demoram apenas meia hora, começando as 23h30 e encerrando à meia noite.
“Festejamos o ano agradando aos orixás junto aos filhos e pessoas amigas e pedimos axé, que significa coisas boas e positivas, saúde e amém, para toda a humanidade a Xangô e Yemanjá, que vão reinar em 2020. Este ano foi de Exu”, afirmou.
O ritual acontece na rua Salomão Maturiano Souza Cruz, 816, no bairro Asa Branca, e reúne cerca de 40 pessoas e outras 20 que apenas acompanham a festa em Roraima.
“É um momento de muito respeito em que nos afastamos das coisas mundanas para nos entregarmos ao sagrado e reverenciarmos quem vai reger o ano de 2020, que será Xangô e Yemanjá, fazemos uma reza para os filhos e amigos dos filhos, fazemos a ceia com pão, água e vinho, canjica, acaçá e frutas, e à meia noite acontece a benção dos orixás a seus filhos e depois dos abraços das famílias liberamos para cultuar as coisas do mundo”, disse. (R.R)