Cotidiano

Apenas 25% de doadores cadastrados em Roraima são regulares

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

#SemTempo? Confira o resumo da matéria:

”  De 60 mil doadores cadastrados em Roraima, apenas 15 mil doam pelo menos uma vez durante o ano. Atualmente, o estoque do Hemocentro está abaixo do estoque mínimo necessário de 250 bolsas, considerando todas as tipagens sanguíneas. Nem mesmo a tipagem O+, que é a mais comum, tem bolsas dentro do esperado.  ” 

“O brasileiro deixa tudo para última hora” e “o brasileiro espera acontecer alguma tragédia para agir”. São frases que, em algum momento da vida, todos escutamos. A segunda, principalmente. Uma das provas disso são as constantes convocações que o Centro de Hemoterapia e Hematologia de Roraima precisa fazer para conseguir abastecer e manter o estoque de bolsas de sangue.

Com o término das celebrações de final de ano e a chegada do Carnaval, começa a hora de intensificar as ações para tentar garantir doadores. Em Roraima, dos 60 mil usuários cadastrados no sistema, apenas 15 mil doam pelo menos uma vez ao ano. Até o início da tarde desta segunda-feira, 6, cerca de 20 pessoas doaram sangue. O essencial, entretanto, são 70 doações diárias.

A gerente técnica do Hemocentro, Louice Gadelha, explicou que o estoque atual do Hemocentro é razoável, apesar de não estar dentro do estoque mínimo necessário para atender todas as unidades de saúde do estado e ainda garantir estoque no próprio órgão. Considerando todas as tipagens sanguíneas, a gerente esclareceu que 250 bolsas representam o número mínimo. 

Entre as tipagens, o O lidera. Ainda que o fator positivo comande as saídas, é o fator negativo que atende as extremas urgências. Em Roraima, no entanto, todas as tipagens negativas, que são as mais raras, estão sempre abaixo de 10 bolsas no estoque. Até mesmo o tipo O+, que é um dos mais comuns, não possui bolsas dentro da média no estoque. Das 100 bolsas necessárias, o Hemocentro só possui 79 atualmente. 

“Vamos começar a convocar a população para abastecer o estoque. Principalmente no Carnaval, que é a época em que temos um número considerável de acidentes de trânsito e outros acidentes, precisamos ter uma quantidade expressiva para atender possíveis emergências. Já tentamos abrir durante o carnaval, mas a população não compareceu por conta de viagens, festas ou ingestão de álcool”, contou.

Márcia Cordeiro era doadora assídua no Rio de Janeiro, onde morava. Mas desde que chegou a Roraima, há cerca de 10 anos, não manteve as doações. Nesta segunda-feira, 6, ela fez a primeira doação junto ao Hemocentro para ajudar um amigo que está internado no Hospital Geral de Roraima (HGR) com dengue hemorrágica. “Agora eu pretendo continuar vindo sempre. É um bem que a gente faz e que não custa nada”, relatou.

AUMENTO DE DEMANDA – Em um comparativo com o ano passado, Louice avaliou que as doações continuam seguindo uma constante. Contudo, a demanda cresceu devido, também, à imigração. “Os imigrantes não podem doar por não ter uma moradia fixa. A maioria mora em abrigo”, contou.

QUEM PODE DOAR? – O candidato a doador de sangue precisa ter mais de 50 kg e não deve estar em jejum no dia da doação, mas é preciso evitar a ingestão de alimentos gordurosos até 2h antes da coleta. O adolescente a partir de 16 anos de idade, acompanhado pelos pais ou responsável legal, também pode ser um doador de sangue.

Para quem já é doador assíduo, a idade permitida é até 69 anos. Pessoas com febre, gripe ou resfriado não podem doar temporariamente, assim como grávidas e mulheres no período pós-parto. Nas duas horas que antecedem ao procedimento, o voluntário preenche um cadastro e em seguida é avaliado clinicamente. Se não houver nenhum obstáculo clínico, a coleta é realizada logo em seguida.